As casas na rua se olham.
Janelas abertas silenciam.
Cadê as senhoras sentadas à porta,
curiando a vida alheia com o vizinho?!
Cadê as crianças brincando na rua,
pique-pega, esconde-esconde, amarelinha,
bete, pular corda, queimada e pique-bandeirinha?
A cadeira de balanço balança ao vento,
num embalo lento e solitário.
Dentro das casas, o que se passa?
Pela janela o vento espia e volta para avisar:
As senhoras, sentadas estão,
algumas atentas à televisão.
As outras, já meio tortas,
sentadas em frente a uma engenhoca
que lhes oferece janelas virtuais
para poder espiar a vida daqueles
com quem costumavam conversar.
Mas o vizinho está bem acessível,
do bate-papo não costuma sair,
o máximo que acontece
é ficar invisível quando sai para fazer xixi...
A rua não tem mais vida.
De bicicleta, só o carteiro passa.
Mas... Para que tanta carta?
Todos estão online.
(Sarah Magalhães)
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