Manhã fresquinha,
nem quente nem fria
o tempo ideal, para dar uma corrida.
Tomo café, troco de roupas,
arrumo uma garrafa d'água e um boné preto
que destoa da minha roupa colorida...
Quem liga para a minha roupa?
Eu não.
Vou descendo o caminho,
pronta para correr por um bom tempinho...
Passo por uma rua vazia, que me dá azia
com seu cheiro de maconha saindo dos becos.
Viro a esquina e me deparo com um carro policial,
uns carinhas e um homem bêbado...
Ainda não são 9 horas da manhã.
Continuo meu caminho, ignorando tudo isso.
Vou até um ponto de encontro comunitário,
fazer como aquecimento, alguns exercícios.
De lá continuo a observar,
chega uma senhora apressada,
em um carro prateado.
Ela buzina desesperada
para alguém dentro d'uma casa,
depois desde do carro resmungando
algo que não entendo
e nem estava me importando.
Mas ela vira as costas e me vê!
Vejo sua bochecha enrubescer...
Que pena, ficou envergonhada.
Mas não me importo,
talvez devesse ter dito para a coitada.
Então percebo que já posso ir correr,
já me alonguei e aqueci...
Mas quando percorro com o olhar
o caminho que deveria atravessar...
Há um pit bull, com a coleira rasgada,
patas sujas e a grande boca escorrendo baba.
Volto para casa e me ponho a escrever,
refletindo se amanhã eu corro e se algum dia,
esses cachorros babões, deixo de temer.
(Sarah Magalhães)