água suja
poluída
com cheiro de hipocrisia
contamina
caminhos floridos
e perfumados
sempre regados
com amor
respeito
e compaixão
flores outrora sorridentes
hoje murcham
por tanta gente
que passa pelo jardim
jogando lixo
por ter um pensamento mesquinho
ou por talvez
sequer pensar.
noutra vida fui flor
uma flor lilás e contente
uma flor que assistiu
a casais passeando
passarinhos voando
assisti a vida passar
e a um senhor jogar
uma lata vazia sobre mim...
lembro do brilho que me cegava
e do peso da lata
que pr'outra vida
me carregava.
Hoje sou nuvem.
Vejo de cima, tudo de novo acontecer,
sem ninguém se importar ou perceber.
Sarah Magalhães
quinta-feira, 23 de junho de 2016
quarta-feira, 22 de junho de 2016
Era uma vez, no 110
Era uma vez, um dia comum:
Um dia de aula no qual arrumei meu cabelo e amei,
vesti uma roupa confortável, tomei meu café e fui a universidade.
O plano era o seguinte: assistir a uma palestra,
voltar para a aula de espanhol, ir para a a aula da noite
e então voltar para casa.
Esse era o plano.
Mas, no meio do caminho...
Mais precisamente dentro do 110,
frente a última parada na L2 antes da rodoviária...
Tudo desandou.
Vou contextualizar, espere.
Eu assisti à palestra que queria,
peguei o ônibus para a rodoviária,
a fim de ir para a aula de espanhol...
O ônibus estava mais apertado que o de costume, mas vamos lá.
Eu fiquei em pé ali naquele espaço que existe para um cadeirante...
Porque pensei que, como estava lotado, ao menos sentiria um vento no rosto.
Ao meu lado, colado a janela havia um rapaz.
Na cadeira que desdobra havia uma senhora sentada jogando candy crush.
O rapaz era magro, ruivo, barbudo.
Carregava uma mochila no ombro, skate entre os pés e um livro em mãos.
Ele lia, em meio ao ônibus entupido e encalorado.
A senhora ali estava, sentada, jogando no celular.
Havia muita (mas muita mesmo) gente em pé ao seu redor,
com mochilas pesadas e ombros cansados...
E nada dela oferecer para levar.
Mas tudo bem, às vezes ela não conhecia as normas de conduta do 110.
(É que é um gesto quase automático oferecer para levar a mochila do coleguinha que está em pé)
Ok.
Guarde essas duas personagens.
Eu estava bem, com uma expectativa de chegar a tempo para a minha aula
e ainda animada para voltar a noite a universidade.
Eis que ouço uma tosse.
Assustada, dou um passo a frente -pequeno, dado o espaço que não existia...
Outra tosse.
Tudo desandou.
Uma menina atrás de mim vomitou.
Sim, em mim.
Aí foram flashes:
Virei.
A menina estava viva
e de pé.
Pálida, mas de pé.
Cederam o lugar à coitada.
Abri minha bolsa:
um porta lenços!
Dei metade a menina.
A senhora sentada gritou
"Ai meu Deus! Me dá um!
Caiu no meu pé! Ai socorro, me da um lenço!"
(sem dramatizações, foi isso mesmo)
Eu dei.
Sobraram três.
Só
três
lenços.
As vozes olhavam, piavam:
Nossa, ela vomitou em você.
Eca, caiu no seu cabelo!
Você viu que sujou sua blusa?
...
Todos os olhares me enojavam.
Lembrei do menino, que lia.
Pensei "que vergonha meu Deus"
não vou falar com ele.
Mas sabe... Eu não conseguia enxergar a sujeira.
Tava feia a coisa naquele ônibus.
Perguntei educadamente se ele poderia
passar o lenço nas minhas costas...
O pior: ele disse "é claro!"
Todo o meu sentimento era de gratidão.
Ok. Ainda estou no ônibus.
O que é curioso, porque já estava tão perto da rodoviária.
"Você tem outra blusa?"
Eita poxa. Eita poxa. Eita poxa.
Eu não tinha não. Nem outra blusa nem muita sorte.
Mas tinha esse menino gentil.
Que conversou comigo como se eu cheirasse a rosas.
Que me acompanhou até o banheiro e me emprestou um casaco.
Lembro que quando peguei esse ônibus dei "Boa tarde" ao motorista e ao cobrador.
O cobrador ficou extremamente feliz, porque, dizendo ele as pessoas ali não tinham educação...
Depois, fiquei extremamente feliz por não ser a única lá dentro com um bom coração.
Às vezes as coisas desandam...
Mas viram história.
Obrigada pela gentileza Erick,
Sarah Magalhães
Um dia de aula no qual arrumei meu cabelo e amei,
vesti uma roupa confortável, tomei meu café e fui a universidade.
O plano era o seguinte: assistir a uma palestra,
voltar para a aula de espanhol, ir para a a aula da noite
e então voltar para casa.
Esse era o plano.
Mas, no meio do caminho...
Mais precisamente dentro do 110,
frente a última parada na L2 antes da rodoviária...
Tudo desandou.
Vou contextualizar, espere.
Eu assisti à palestra que queria,
peguei o ônibus para a rodoviária,
a fim de ir para a aula de espanhol...
O ônibus estava mais apertado que o de costume, mas vamos lá.
Eu fiquei em pé ali naquele espaço que existe para um cadeirante...
Porque pensei que, como estava lotado, ao menos sentiria um vento no rosto.
Ao meu lado, colado a janela havia um rapaz.
Na cadeira que desdobra havia uma senhora sentada jogando candy crush.
O rapaz era magro, ruivo, barbudo.
Carregava uma mochila no ombro, skate entre os pés e um livro em mãos.
Ele lia, em meio ao ônibus entupido e encalorado.
A senhora ali estava, sentada, jogando no celular.
Havia muita (mas muita mesmo) gente em pé ao seu redor,
com mochilas pesadas e ombros cansados...
E nada dela oferecer para levar.
Mas tudo bem, às vezes ela não conhecia as normas de conduta do 110.
(É que é um gesto quase automático oferecer para levar a mochila do coleguinha que está em pé)
Ok.
Guarde essas duas personagens.
Eu estava bem, com uma expectativa de chegar a tempo para a minha aula
e ainda animada para voltar a noite a universidade.
Eis que ouço uma tosse.
Assustada, dou um passo a frente -pequeno, dado o espaço que não existia...
Outra tosse.
Tudo desandou.
Uma menina atrás de mim vomitou.
Sim, em mim.
Aí foram flashes:
Virei.
A menina estava viva
e de pé.
Pálida, mas de pé.
Cederam o lugar à coitada.
Abri minha bolsa:
um porta lenços!
Dei metade a menina.
A senhora sentada gritou
"Ai meu Deus! Me dá um!
Caiu no meu pé! Ai socorro, me da um lenço!"
(sem dramatizações, foi isso mesmo)
Eu dei.
Sobraram três.
Só
três
lenços.
As vozes olhavam, piavam:
Nossa, ela vomitou em você.
Eca, caiu no seu cabelo!
Você viu que sujou sua blusa?
...
Todos os olhares me enojavam.
Lembrei do menino, que lia.
Pensei "que vergonha meu Deus"
não vou falar com ele.
Mas sabe... Eu não conseguia enxergar a sujeira.
Tava feia a coisa naquele ônibus.
Perguntei educadamente se ele poderia
passar o lenço nas minhas costas...
O pior: ele disse "é claro!"
Todo o meu sentimento era de gratidão.
Ok. Ainda estou no ônibus.
O que é curioso, porque já estava tão perto da rodoviária.
"Você tem outra blusa?"
Eita poxa. Eita poxa. Eita poxa.
Eu não tinha não. Nem outra blusa nem muita sorte.
Mas tinha esse menino gentil.
Que conversou comigo como se eu cheirasse a rosas.
Que me acompanhou até o banheiro e me emprestou um casaco.
Lembro que quando peguei esse ônibus dei "Boa tarde" ao motorista e ao cobrador.
O cobrador ficou extremamente feliz, porque, dizendo ele as pessoas ali não tinham educação...
Depois, fiquei extremamente feliz por não ser a única lá dentro com um bom coração.
Às vezes as coisas desandam...
Mas viram história.
Obrigada pela gentileza Erick,
Sarah Magalhães
segunda-feira, 20 de junho de 2016
4 anos de blog!
Olá migos! Este ano o Caderno Descolorido comemora QUATRO ANOS DE VIDA! Isso mesmo, eu também achei muito quando percebi.
Então, para celebrar essa data com muito amor e poesia... Farei um sorteio para vocês que acompanham este pequeno blog! <3
O PRESENTE será um "combo poético" contendo:
CADERNO - Para suas anotações, rabiscos, poemas e divagações.
CANETA - Para colorir o seu caderninho!
MARCADORES DE PÁGINA - Para marcar as páginas da sua vida com poesias (HAHAHA)
BRINCOS E COROA DE FLORES - Para te fazer florir! <3
Para PARTICIPAR é preciso:
*Seguir a página Caderno Descolorido no facebook e comentar a foto do sorteio marcando dois migos! <3 (link: https://www.facebook.com/cadernodescolorido)
OU
*Seguir o perfil @cadernodescolorido no instagram e comentar a foto do sorteio marcando dois migos! (link: https://www.instagram.com/cadernodescolorido/)
Para ter MAIS CHANCES de ganhar você pode:
*Comentar mais e mais vezes.
* Compartilhar ou publicar alguma poesia do Caderno Descolorido (em modo público, com a hashtag #4anoscadernodescolorido).
Sobre o SORTEIO:
*Você pode se inscrever até a meia-noite do dia 30 de julho de 2016;
*O resultado será divulgado no dia 31 de julho, à tarde.
*Sorteio válido para todo o Brasil.
Então migos, esse é o presente de aniversário do Caderno Descolorido! Estou muito feliz por ele estar cada vez mais colorido e por vocês me acompanharem a tanto tempo! Obrigada amores!
Beijocas, Sarinha
Então, para celebrar essa data com muito amor e poesia... Farei um sorteio para vocês que acompanham este pequeno blog! <3
O PRESENTE será um "combo poético" contendo:
CADERNO - Para suas anotações, rabiscos, poemas e divagações.
CANETA - Para colorir o seu caderninho!
CANECA - Para o chá quentinho, ou o café perfumado de amor.
ÍMÃS - Para poetizar sua casa.MARCADORES DE PÁGINA - Para marcar as páginas da sua vida com poesias (HAHAHA)
BRINCOS E COROA DE FLORES - Para te fazer florir! <3
Para PARTICIPAR é preciso:
*Seguir a página Caderno Descolorido no facebook e comentar a foto do sorteio marcando dois migos! <3 (link: https://www.facebook.com/cadernodescolorido)
OU
*Seguir o perfil @cadernodescolorido no instagram e comentar a foto do sorteio marcando dois migos! (link: https://www.instagram.com/cadernodescolorido/)
Para ter MAIS CHANCES de ganhar você pode:
*Comentar mais e mais vezes.
* Compartilhar ou publicar alguma poesia do Caderno Descolorido (em modo público, com a hashtag #4anoscadernodescolorido).
Sobre o SORTEIO:
*Você pode se inscrever até a meia-noite do dia 30 de julho de 2016;
*O resultado será divulgado no dia 31 de julho, à tarde.
*Sorteio válido para todo o Brasil.
Então migos, esse é o presente de aniversário do Caderno Descolorido! Estou muito feliz por ele estar cada vez mais colorido e por vocês me acompanharem a tanto tempo! Obrigada amores!
Beijocas, Sarinha
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terça-feira, 7 de junho de 2016
Mundo
Afinal, este é um caderno de poesias.
É um caderno de sentimentos meus.
Talvez do mundo,
mas com certeza meus.
Hoje minha mente está nublada,
vejo a história ciclicamente se repetindo.
Eu vejo enevoada minha vida
assim também.
E segue, seguimos, em círculos.
Acho que estou tonta.
Sarah Magalhães
É um caderno de sentimentos meus.
Talvez do mundo,
mas com certeza meus.
Hoje minha mente está nublada,
vejo a história ciclicamente se repetindo.
Eu vejo enevoada minha vida
assim também.
E segue, seguimos, em círculos.
Acho que estou tonta.
Sarah Magalhães
terça-feira, 31 de maio de 2016
Amiga
Para Lêka
Tem amizade que parece
Pingo de luz
no meio de um pesadelo.
Brisa da tarde
que rearruma o cabelo.
Riso sem razão
que remete a mil histórias.
Tem amizade que parece sonho,
tamanha doçura que carrega em si.
Mas é só amizade mesmo,
amizade, de verdade.
Sarah Magalhães
Tem amizade que parece
Pingo de luz
no meio de um pesadelo.
Brisa da tarde
que rearruma o cabelo.
Riso sem razão
que remete a mil histórias.
Tem amizade que parece sonho,
tamanha doçura que carrega em si.
Mas é só amizade mesmo,
amizade, de verdade.
Sarah Magalhães
domingo, 15 de maio de 2016
Poesia de uma raiva
Estou aqui.
Sem saber se deveria.
Nervosa por ter vindo e não te encontrar.
Entro numa livraria,
folheio alguns livros para desestressar.
"Posso ajudar em algo?"
Era você com um sorriso no rosto
e a mão na minha cintura.
Sarah Magalhães
Sem saber se deveria.
Nervosa por ter vindo e não te encontrar.
Entro numa livraria,
folheio alguns livros para desestressar.
"Posso ajudar em algo?"
Era você com um sorriso no rosto
e a mão na minha cintura.
Sarah Magalhães
segunda-feira, 9 de maio de 2016
Poesia para salvar o dia
Eu sei
que tem dia que
tudo vai
de mal
a pior.
Sem pena,
sem dó.
Mas sei também
que no meio
do caminho
tem...
Algo que surge sem motivo,
com o perfume de uma rosa
e a graça de um sorriso de neném.
Isso aí é nosso super-herói invisível,
que leva o nome que você quiser:
de amor, de amora,
de doce de leite,
de conversa sem hora,
de cafuné.
A arte salva nosso dia, sim.
O amor, também.
Mas precisamos abrir os olhos
para enxergar o que não vemos
nesses dias ruins.
Sarah Magalhães
que tem dia que
tudo vai
de mal
a pior.
Sem pena,
sem dó.
Mas sei também
que no meio
do caminho
tem...
Algo que surge sem motivo,
com o perfume de uma rosa
e a graça de um sorriso de neném.
Isso aí é nosso super-herói invisível,
que leva o nome que você quiser:
de amor, de amora,
de doce de leite,
de conversa sem hora,
de cafuné.
A arte salva nosso dia, sim.
O amor, também.
Mas precisamos abrir os olhos
para enxergar o que não vemos
nesses dias ruins.
Sarah Magalhães
quarta-feira, 4 de maio de 2016
Sorriso bom
Sorrisos agradam, iluminam,
tocam a gente.
Sorrisos de criança carregam uma energia
que brilha, na intensidade de um diamante ao sol.
Sorrisos de vó são sábios e aconchegantes,
assim, convidativos a um chá com pão de queijo.
Sorrisos de mãe são de orgulho,
de alegria e de cumplicidade.
Cada sorriso chega de um jeito.
O meu é assim meio sem jeito,
mas imenso de amor e de uma doce intenção
de fazer você sorrir com o coração.
Sarah Magalhães
tocam a gente.
Sorrisos de criança carregam uma energia
que brilha, na intensidade de um diamante ao sol.
Sorrisos de vó são sábios e aconchegantes,
assim, convidativos a um chá com pão de queijo.
Sorrisos de mãe são de orgulho,
de alegria e de cumplicidade.
Cada sorriso chega de um jeito.
O meu é assim meio sem jeito,
mas imenso de amor e de uma doce intenção
de fazer você sorrir com o coração.
Sarah Magalhães
Balões namoradeiros, sorrindo o dia inteiro. |
terça-feira, 3 de maio de 2016
Amoras flutuantes
São assim, amores de pessoa,
flutuantes porque seguem leve,
mas não sem rumo.
Nunca seguem em vão.
Por cada caminho por onde passam
deixam um perfume, uma fragrância,
um quê de elegância...
Que são de uma graça
indescritível e inigualável.
Amoras quase (tri)gêmeas,
tamanha a simetria de pensamento e personalidade.
Seus olhares falam no silêncio
e um sutil movimento
traduz quase mil pensamentos.
Elas se entendem bem e prezam
pela ordem das coisas e pela qualidade.
Na universidade, uma apresentação mal feita?
Não existe essa possibilidade.
Existe um olhar seletivo de excelência
que beira a arrogância...
Mas não chega lá.
Está mais para uma auto-consciência
do quão produtivas podem ser.
E não aceitam menos que isso.
E, ao meu ver estão certas,
não vejo problemas nisso.
Amoras,
lindas, finas e elegantes.
Transpassam talvez um ar de superioridade,
às vezes, de distância da realidade.
Mas são levemente fortes, determinadas e carinhosas,
um carinho de gentileza, de preocupação.
Elas flutuam como estrelas na noite,
deixando um rastro perfumado de amora por onde vão.
Sarah Magalhães
flutuantes porque seguem leve,
mas não sem rumo.
Nunca seguem em vão.
Por cada caminho por onde passam
deixam um perfume, uma fragrância,
um quê de elegância...
Que são de uma graça
indescritível e inigualável.
Amoras quase (tri)gêmeas,
tamanha a simetria de pensamento e personalidade.
Seus olhares falam no silêncio
e um sutil movimento
traduz quase mil pensamentos.
Elas se entendem bem e prezam
pela ordem das coisas e pela qualidade.
Na universidade, uma apresentação mal feita?
Não existe essa possibilidade.
Existe um olhar seletivo de excelência
que beira a arrogância...
Mas não chega lá.
Está mais para uma auto-consciência
do quão produtivas podem ser.
E não aceitam menos que isso.
E, ao meu ver estão certas,
não vejo problemas nisso.
Amoras,
lindas, finas e elegantes.
Transpassam talvez um ar de superioridade,
às vezes, de distância da realidade.
Mas são levemente fortes, determinadas e carinhosas,
um carinho de gentileza, de preocupação.
Elas flutuam como estrelas na noite,
deixando um rastro perfumado de amora por onde vão.
Sarah Magalhães
Imagem retirada da internet. |
quinta-feira, 28 de abril de 2016
Aspas para poesia
e asas para o coração!
Meu coração se aquece nesse frio brasiliense
quando penso em você, ao tomar um café quente.
Eu te amo, em segredo,
mas amo assim sem medo
sem sonhar feliz para sempre
sem desesperar.
Eu leio Quintana e Drummond.
Apaixonadamente.
O meu cabelo desajeitado pelo vento
tenta aquecer as orelhas que congelam.
A fumaça perfumada do café
aquece meu nariz já vermelho.
Eu penso. Pisco. Franzo a testa.
Suspiro. Assopro o vento.
Volto aos versos, em busca de um alento,
talvez, que amorne meu coração.
Tão gélido.
Sarah Magalhães
Meu coração se aquece nesse frio brasiliense
quando penso em você, ao tomar um café quente.
Eu te amo, em segredo,
mas amo assim sem medo
sem sonhar feliz para sempre
sem desesperar.
Eu leio Quintana e Drummond.
Apaixonadamente.
O meu cabelo desajeitado pelo vento
tenta aquecer as orelhas que congelam.
A fumaça perfumada do café
aquece meu nariz já vermelho.
Eu penso. Pisco. Franzo a testa.
Suspiro. Assopro o vento.
Volto aos versos, em busca de um alento,
talvez, que amorne meu coração.
Tão gélido.
Sarah Magalhães
Ao fundo a porta do meu quarto, no papel meus rabiscos poetizados. |
quarta-feira, 27 de abril de 2016
Conversa
Conversa não tem hora
para acontecer.
Pode ser sob o sol
ou se começar chover.
Porque para conversar,
a gente tem que estar
com quem se gosta.
Jogar conversa fora.
Trocar um dedo de prosa.
Botar o papo em dia.
Conversa boa a gente enrola
e o tempo passa de fininho
sem nem a gente ver.
Conversa boa nem sempre demora
mas pra gente vale o tempo que render.
Conversa boa a gente lembra
para sempre.
Conversa boa a gente tem
que relembrar...
E aproveitar, para conversar.
O que menos importa para conversar
é onde a outra pessoa está.
Tem gente que conversa só com o coração...
E é tão bom.
Sarah Magalhães
Na foto, pausa para uma conversa boa com Maria Vitória.
terça-feira, 26 de abril de 2016
Delírios
No seu sonho quase caiu num portal pra outro mundo.
Em vez disso acordou, se arrumou e foi para a aula.
O ônibus chacoalha chacoalha...
Dormiu encostada na janela.
Caiu num buraco.
Conheceu Alice.
Atravessou a floresta
de árvores falantes.
Espiou Branca deitada
e um príncipe fazendo-a despertar.
Viu de longe uma casa de doces.
Ouviu melodias indescritíveis...
O Coelho passou atrasado, coitado.
Meia hora depois acorda:
são 7h20
está no terminal
perdeu a parada
a aula é às sete.
Está atrasada.
Desceu.
Melhor ir andando, pensou.
No caminho de volta
ao atravessar o semáforo
avistou no horizonte
um coelho de cartola...
Estava no colo de um mágico,
que também ia para a escola.
Sarah Magalhães
Em vez disso acordou, se arrumou e foi para a aula.
O ônibus chacoalha chacoalha...
Dormiu encostada na janela.
Caiu num buraco.
Conheceu Alice.
Atravessou a floresta
de árvores falantes.
Espiou Branca deitada
e um príncipe fazendo-a despertar.
Viu de longe uma casa de doces.
Ouviu melodias indescritíveis...
O Coelho passou atrasado, coitado.
Meia hora depois acorda:
são 7h20
está no terminal
perdeu a parada
a aula é às sete.
Está atrasada.
Desceu.
Melhor ir andando, pensou.
No caminho de volta
ao atravessar o semáforo
avistou no horizonte
um coelho de cartola...
Estava no colo de um mágico,
que também ia para a escola.
Sarah Magalhães
sexta-feira, 22 de abril de 2016
Preguiça Capital
Ando tão preguiçosa.
De uma preguiça desesperançosa.
De um cansaço que não é físico
e é triste.
É uma preguiça do caos do país
estampado aqui no Planalto Central.
Preguiça em saber que nem todos os Ipês
conseguem preencher de cor o sujo que há
no quadrado Distrito Federal.
Eu tenho preguiça porque a Rodoviária da capital do país
não está perto de ser um lugar... Um lugar humano.
Mas as pessoas são humanas
e vivem e trabalham e estudam
e dão bom dia e cantarolam.
Da Rodoviária nós nos perdemos entre o horizonte monumental e
os camelôs ecoando em frente ao sinal,
o senhor que gerencia o transporte pirata -Vai Vila Telebrasília? Saindo agora, uma vaga UnB!-,
os indivíduos que pedem esmola,
as crianças que perdem a infância cheirando cola.
A preguiça dói.
Ainda na Rodoviária, nosso cenário dicotômico de cada dia,
há respeito e gentileza e poesia
Há um raiar de sol azul, ou um luar translúcido,
que cativam nosso coração brasiliense e sussurram:
"Deixe de preguiça e siga em frente!"
Brasília, cinza e multicor.
Corrompida e cheia de amor.
Bela, planejada e do sonhar.
O nosso sonho ou grito de esperança,
sem saber o que esperar.
Sarah Magalhães
De uma preguiça desesperançosa.
De um cansaço que não é físico
e é triste.
É uma preguiça do caos do país
estampado aqui no Planalto Central.
Preguiça em saber que nem todos os Ipês
conseguem preencher de cor o sujo que há
no quadrado Distrito Federal.
Eu tenho preguiça porque a Rodoviária da capital do país
não está perto de ser um lugar... Um lugar humano.
Mas as pessoas são humanas
e vivem e trabalham e estudam
e dão bom dia e cantarolam.
Da Rodoviária nós nos perdemos entre o horizonte monumental e
os camelôs ecoando em frente ao sinal,
o senhor que gerencia o transporte pirata -Vai Vila Telebrasília? Saindo agora, uma vaga UnB!-,
os indivíduos que pedem esmola,
as crianças que perdem a infância cheirando cola.
A preguiça dói.
Ainda na Rodoviária, nosso cenário dicotômico de cada dia,
há respeito e gentileza e poesia
Há um raiar de sol azul, ou um luar translúcido,
que cativam nosso coração brasiliense e sussurram:
"Deixe de preguiça e siga em frente!"
Brasília, cinza e multicor.
Corrompida e cheia de amor.
Bela, planejada e do sonhar.
O nosso sonho ou grito de esperança,
sem saber o que esperar.
Sarah Magalhães
Foto da Rodoviária, clicada pela @biareisouza |
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quarta-feira, 2 de março de 2016
Cheiro de amor
Sinto falta de um sorriso no meio da tarde,
daquele cheiro de café forte, pãozinho que você mesma assava,
um cheiro de amor que tomava toda a casa.
Sinto falta de um tempo em que se tinha tempo
para balançar no balanço de madeira na varanda
e ouvir da vovó a quantas anda a novela das seis.
Sei que é importante essa rotina:
temos que estudar, trabalhar, pegar trânsito...
mas hoje vou tirar uma folga e passar o café das quatro pra vovó,
pedir pra ela preparar aquele pãozinho-de-ló.
Sarah Magalhães
daquele cheiro de café forte, pãozinho que você mesma assava,
um cheiro de amor que tomava toda a casa.
Sinto falta de um tempo em que se tinha tempo
para balançar no balanço de madeira na varanda
e ouvir da vovó a quantas anda a novela das seis.
Sei que é importante essa rotina:
temos que estudar, trabalhar, pegar trânsito...
mas hoje vou tirar uma folga e passar o café das quatro pra vovó,
pedir pra ela preparar aquele pãozinho-de-ló.
Sarah Magalhães
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
E as novidades?
- Ooooi Sarah! Tudo bem!? E aí, que bom te ver! E as novidades?
- ...
Hoje tenho novidade! Na semana passada aconteceu o "II Colóquio Internacional O Realismo e sua Atualidade: Estética e Crítica", foram três dias de apresentações com ilustres convidados na UnB.
Além de enriquecedor, sensacional e instigante, esse evento foi um "furacão".
Furacão foi a expressão que a Joyce (nova amizade feita em meio à literatura) usou para descrever as aulas que temos com a professora Ana Laura, que adorei e, adotei para a vida.
Essa experiência de ouvinte das mesas de debates super densas e também descontraídas foi indescritível, mesmo assim tentarei descrevê-la:
Faz parte da vida universitária aventurar-se pelo campus,
buscar as salas que parecem não existir no mapa.
Encontrá-la, uma vitória.
Estou agora diante do palco.
Mas sou público e estou atenta.
Ou acredito estar...
Escuto, anoto, me pergunto.
Meu bloco de anotações cheio de rabiscos,
referências, conceitos e inquietações.
Meu olhar transpassa os sentidos que posso imaginar,
busco enxergar o todo e os mínimos detalhes.
Fico boba com o tradutor, que incessantemente trabalha
(confesso que me perguntei como ele traduziu desfetichização
-e acredito que não fui a única).
...
Eu me distraio também, com os trejeitos dos convidados.
...
Eu cochilo também. Estou ali acompanhando uma fala.
acordo em outra, já não entendo nada.
...
No intervalo comprei um dos livros expostos
"A nação drummondiana"
que li o quanto pude na pausa para o almoço.
Escrito pelo professor Alexandre Pilati
e autografado também,
trouxe-o comigo
junto
a
uma
incessante vontade
de ler mais e mais, de entender
a condição da nossa literatura e...
Aproveitar o tempo,
mergulhar em leituras.
Depois das exposições que assisti,
despertou-se em mim um estímulo
para estudar a literatura da vida,
viver a vida da literatura,
ler o realismo do tempo.
Tempo esse que não tem tempo.
(Sarah Magalhães)
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