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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Caduquice

Se eu cruzasse com você pelo caminho,
lá pelos meus sessenta e quatro...
Com certeza eu me apaixonaria
sem pestanejar.

Seus olhar seria o mesmo
e sua barba já grisalha
iria me encantar.

Se eu te encontrasse
lá pelos meus sessenta e quatro
em uma cafeteria...
Com certeza sentiria
sua alma junto a minha.

E se a gente não se reconhecesse?
Em um instante nos apaixonaríamos
e à moda antiga começaria um romance
por um bilhete de guardanapo,
ou com você me ajudando a limpar
o café que deixei derramar.

Quando distraída eu olhava seu anel
de mais de quatrocentos anos,
ainda brilhando e falando-me
que ainda somos muitos novos
e temos a vida pela frente para sorrir,
cantar, dançar, correr, jogar damas,
falar francês, se aventurar e enlouquecer
e envelhecer e amar.

Lá pelos meus sessenta e quatro
pode ser que eu esteja caducando.
Lá pelos seus sessenta e quatro
pode ser que você esteja tocando.

La pelos sessenta e quatro...
Ainda estaremos nos amando.

(Sarah Magalhães)





quinta-feira, 27 de junho de 2013

Trauma musical

Um dia cantei
palavras que detestava
e odiei compositores
que minha professora de canto adorava...

Um dia saí do coral,
pude então sorrir e ser livre
para ouvir o que quiser
ou admirar um silêncio qualquer.

Pude então me encantar
com os sons e vozes brasileiras,
acompanhadas de bandolins e brincadeiras.

Eu aprendi que os compositores
que um dia detestei...
Na verdade não são culpados da minha frustração,
o detalhe é que sou feita para ouvi-los com a alma e coração.

Sem cantar...
A não ser no chuveiro.

Sem me descabelar,
por ter aula de coral o ano inteiro.

Um dos meus grandes traumas musicais,
entre arranjos perturbantes de Tim Maia,
jangadas viajantes de Caymmi e tantos outros mais
é o inquietante Fome Come...

Mas toda palavra cantada,
tem seu brilho, sua graça...

Depois de uma época em que o verbo "cantar" me deixava apavorada,
aprendi que ouvir as músicas sob a sombra de uma árvore,
lendo um bom livro, sem precisar fazer aquecimento vocal...
Beliscando algum aperitivo, sonhando com um tempo amigo,
pode fazer qualquer música ficar mais legal.

As melodias deixam de ser o barulho do passado,
para tornarem-se lembrança de algum momento engraçado.

(Sarah Magalhães)

Quero saber quem conhece essa aqui! 

domingo, 26 de maio de 2013

Dura vida de professor

Torquato era professor da secretaria de educação,
e todos os dias no trabalho
ensinava aos alunos alguma grande lição.

Falava sobre os bons princípios,
traduzia a intraduzível química,
tinha horas que era amigo, professor, 
conselheiro, pai, irmão, coordenador, 
carrasco, educador, "quebra-galho", jogador,
psicólogo e se precisasse até porteiro ou cantor...

Foram tantas atribuições sobre um cara só
que num belo dia ensolarado,
depois da brilhante gota d'água,
aconteceu o pior!

O governo enviou um tablet 
para cada professor
ter uma ferramenta agilizadora
em seu trabalho,
para não precisar de tanto papel
e nem do antigo e físico diário...

Torquato já cheio de tanta informação,
quando viu aquele "trem" logo ficou doidão.

Deu um tiut no cérebro, 
apagando seu bom gosto musical.


Saiu da escola pelas ruas cantando
como se estivesse em carnaval...

"E agora eu fiquei doce igual caramelo,
Tô tirando onda de tablet amarelo.

E agora você diz: vem cá que eu te quero,
Quando eu passo com o tablet amarelo"

(Sarah Magalhães)






terça-feira, 31 de julho de 2012

Sinceramente

Casa comigo
é um perigo!
Eu deixo espalhado
celular roupa talher
e livro de amigo.


Casa comigo
tem sempre flor, música
e poesia de amor.


Casa comigo
é um pouco bagunçada
e toda manhã eu levanto
toda descabelada.


Mas eu vim aqui te fazer um pedido...


Casa comigo?


(Sarah Magalhães)

domingo, 1 de julho de 2012

Cantar

Queria te cantar
um trecho de uma música
que nesta tarde estive por escutar.

Mas me desculpe, eu não me lembro.

Sabe, já estou com sono e cansado.
Por isso, boa noite
e amanhã eu te canto algo.

(Sarah Magalhães)