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terça-feira, 8 de novembro de 2016

Poeminha mal resolvido

Poeminha mal resolvido
esse que fica no pé do ouvido.
Sussurra, sussurra, sussurra
e eu não escuto nada...

Poema sem pena de mim
com a caneta inquieta entre os dedos.

Poema que não diz não nem sim,
não diz se espero alegria ou medo...

Mas ô poeminha chinfrin!

Nem sei porque ainda tive esperança.

Sarah Magalhães

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

PoemaGo

Venho aqui apresentar a vocês o novo projeto de intervenção poética do Caderno Descolorido: o POEMAGO! Que é uma versão poética do aplicativo PokémonGo.
Estou espalhando poemas pelas paredes para serem capturados por quem passar pelos PoemaStops, que são esses cartazes com um envelope cheio de marcadores de página com versinhos do Caderno Descolorido:



Os PoemaStops estão espalhados pelo Campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília, mas se você tiver uma outra sugestão de lugar e quiser me ajudar a espalhar poesia por aí entre em contato comigo aqui pelo blog ou pelo facebook! <3


E para a brincadeira ficar melhor, vou sortear uma caneca Pikachu, dois chaveiros pokebola e seis marcadores de página entre os seguidores do Caderno Descolorido no facebook. Participe neste link: https://www.facebook.com/cadernodescolorido/photos/a.245881442189944.50229.245111258933629/966141070163974/?type=3&theater


 Espero que gostem, encontrem muitos PoemaStops e que capturem muitos poemas! 
E participem dessa brincadeira comigo!
Boa sorte a todos e dia 12 divulgo o resultado aqui!!!

Beijocas, Sarinha.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Conheci Nicolas Behr

Eu sempre quis conhecer um certo poeta, que escreve o cinza de Brasília em palavras desenhadas. 
Poeta de uma poesia que conheci quando criança, caminhando entre as bancas da Feira da Torre de TV... (quando a feira era muito mais divertida e eu me perdia entre a bagunça das bancas). Em uma camiseta com o desenho de um ipê, li: "Nem tudo que é torto é errado, veja as pernas do Garrincha e as árvores do cerrado. Nicolas Behr". E na época eu estava estudando o bioma Cerrado na escola, encantada com os ipês fiquei super entusiasmada, mas minha testa franziu "Coitado desse Garrincha...", mais tarde o verso faria mais sentido.

Tive alguns desencontros com o poeta apaixonado por Brasília... O último foi em um verão no qual me matriculei em uma disciplina de literatura na UnB, e precisei faltar uma semana de aula.
Tudo bem. Só uma semana, pouca coisa... 

O meu celular vibrava e apitava, incansável.
Cheio de mensagens, áudios, fotos... "Tem um convidado hoje aqui na aula, acho que ele é importante... Veio um monte de gente pra ver!" "Espera, vou procurar no google..." "Acho que é um poeta... Nicolas Behr!".

Minha Nossa Senhora, Nicolas Behr está lá na minha aula... E eu não. 

Foi um choque, fiquei bem frustrada enquanto mais mensagens dizendo de como eu deveria estar lá e do quanto ele era simpático e divertido chegavam. E mais outras diziam de como os cartões que sua mãe fazia eram lindos e como ele autografou livro para todo mundo ali... E como eu iria amar conhecê-lo. Foi uma manhã memorável, da qual não fiz parte.  

O meu drama acabou.

Na última quarta-feira (28) no IV Simpósio de Crítica de Poesia, em celebração aos 10 anos do Vivoverso (grupo de pesquisa e performance poética que você pode conhecer neste link) estive com algumas amigas na organização... Feliz por fazer parte do evento. Mais feliz ainda pela conferência de abertura que seria com o Poeta Nicolas Behr.

Antes da abertura do evento estava ele ali no canto com seus livros a venda "Promoção e Pramoçinha: apenas 10 reais" e eu cheguei com todo o meu entusiasmo, dois livros antigos para autografar, BrasíliA-Z que eu queria comprar e um marcador de página para presentear. Apresentei-me, contei a história de um autógrafo que minha irmã encomendou para mim, ele lembrou da Letícia, autografou os meus livros e jogamos conversa fora, para mim foi um privilégio e, contende, fui me sentar.

"- Meninas vou precisar que alguém fique vend..." 
"- Vendendo os livros para o Nicolas? Pode deixar que eu fico!"

Então voltei, e toda a frustração que senti por não tê-lo conhecido no verão passado transformou-se em alegria e transbordou poesia! Conversamos, ganhei o livro "Braxília" (que já devorei), ele perguntou o nome do meu blog e leu no marcador "Caderno Descolorido... Então espera, tenho uma coisa para você, pega aí nessa caixa, na embalagem de plástico!" Nas minhas mãos estava o "descadernobrasília", que é um caderno-livro ou um livro-caderno, o meu mais novo caderno de poesia, cheio de versos que sintetizam a memória brasiliense e cheio de brancos para serem coloridos.

O evento encerraria com o espetáculo poético-musical do Vivoverso "Caleidoscópio dos Versos Vivos" que foi simplesmente emocionante e às 21h eu teria ainda, uma prova de gramática. Este foi um longo e lindo dia... 

Findo o evento, Nicolas me agradece pela ajuda com os livros, entrego-lhe os milhões que vendi durante a tarde e com mais um livro me presenteia! Quase pulei de alegria. Foi muita alegria, mas não pulei!
Também vários marcadores de página vieram com  os livros e esses estarão espalhados pela UnB nos PoemaStops que vocês já devem conhecer! <3 

Foi tudo lindo, a tarde voou como poesia, fiz minha prova de gramática e ao final do dia ligo meu celular: "Nicolas Behr quer ser seu amigo no facebook". Amigos, sou amiga do Nicolas Behr. <3  

Amigos

Conheci Nicolas Behr
no Beijódromo da UnB
em uma tarde de sol.

O autor das poesias
que ilustram essa Brasília 
que não é só poder e corrupção.

Brasília que é cidade
e que já é história
da qual fazemos parte.

Brasília infinita
de contrastes e oportunidades,
desenhada para um futuro
misterioso. 

Amigos,
conheci Nicolas Behr
em uma tarde colorida
de cerrado, arquitetura,
poesia e afeto.

Precisava compartilhar com vocês.

Com carinho, Sarinha.
Amiga Karina, eu e Amigo Nicolas
Ilustração da tarde
Bastidores do IV Simpósio de Crítica e Poesia
Espetáculo Caleidoscópio de Versos Vivos
Pilha de versos

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O meu sapato verde

Julia mora na rua debaixo,
tem longos e lisos cabelos louros.
Tem também um nariz empinado
e um sorriso simetricamente branco.

Ela é bonita.
Não sabe quem eu sou.
Nem que passo por ela todos os dias.

Ela é magra.
Todos sussurram sobre o seu corpo,
como ela é linda e tal...

Não é alta.
Não sei a cor dos seus olhos.

Ela não sabe quem eu sou.
Nem eu quem ela é.

Voltando para casa ela esbarrou em mim.
Sujou meus sapatos da cor do seu olhar.

Ainda não nos conhecemos.

Sarah Magalhães


sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Poema-diário

Querido poema,
hoje foi um daqueles dias ás avessas.

Até já era de se esperar,
dada toda essa calmaria da minha vida.

Mas é curioso como quando algo começa a dar errado...
Parece efeito dominó.

Também não estou escrevendo um poema vitimista,
não quero despertar em você pena ou dó.

Inclusive, hoje, ninguém vomitou em mim!
Este é um fato importante, dado o meu último dia ruim*.

Enfim...

Querido poema,
hoje acordei atrasada
para a aula das 8 horas.

O meu percurso seria
de casa à universidade.

Perdi o horário do ônibus.
Perdi a carona até o metrô.
Perdi minha caneta preferida
e também meu carregador.

Perdi quase a esperança de um dia bonito.

Ah! Perdi também a impressão do trabalho que teria que entregar...

Tudo perdido.

Quase tudo perdido.

O dia foi ruim, de qualquer forma.

Todos os meus compromissos
realizei meio tortos,
quase pela metade...

E consegui chegar ao final do dia:
metade de mim cansada e a outa metade vazia.

Mas alguns versos surgiram já quando o dia se apagou,
acompanhados de um café, um capuccino e algumas risadas.

Não há nada melhor do que um dia ruim que se acaba
bem.

Sarah Magalhães

*Nota: ver poema Era uma vez, no 110.

Café e Capuccino.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Primavera

É primavera no meu coração
que perfumado chora
pétalas de flor.

É primavera no meu coração
que apertado decora
todo o seu interior.

É uma primavera fria,
as flores são todas
azuis e lilás.

É primavera, muito embora eu chova tanto despetalar.

É primavera, ouvi no jornal.
E a previsão de hoje é um forte temporal.

Mas meu coração é forte,
ele é abrigo e me aguenta.

Sarah Magalhães


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Personas autorais

"Personas autorais" é o título do livro lançado, na última sexta-feira (26), no encerramento do "III Seminário Nacional de Literatura e Cultura - O Grão e o Fruto: Morte e Vestígios do Autor" que aconteceu entre os dias 24 e 26  de agosto na Universidade de Brasília.
O livro é dividido em duas partes, a primeira "Prosarias" conta com ensaios sobre a questão da autoria, produzidos pelo grupo de pesquisa "Literatura e Cultura" do PósLit-UnB. A segunda parte é composta maravilhosamente por poemas que remetem também às questões da autoria, porém da maneira singular característica da poesia e leva o nome de "Teoremas".

Prosarias e Teoremas são neologismos referentes aos termos "prosa e teoria" e "teoria e poemas"... E com certeza valem a leitura! <3 

Quero deixar o convite para que conheçam o livro, que está um amor! E quero agradecer imensamente ao Professor Vianney, que me presenteou com o meu! Muito obrigada, com certeza essas leituras serão de grande enriquecimento no meu caminho poético e acadêmico! <3
E também como agradecimento, fiz a ilustração abaixo:
Rascunhando!

Eu e o professor João Vianney durante o evento.

Livro e dedicatória que ganhei e amei!

Aline, eu e Maxçuny durante o evento.
Beijocas, Sarinha.

sábado, 13 de agosto de 2016

Bela flor cacheada

Havia um certo caminho,
que com certeza era o caminho certo...

Porque sabe, ele era assim, iluminado
pelo sorriso mais radiante que já se conheceu...

Era um caminho perfumado,
de um aroma de amor,
uma essência apaixonante
que hipnotizava seu coração.

Era também, um caminho infinito,
como o olhar mais profundo,
como o olhar de oceano em fim de tarde
que só ela, nesse caminho, sabe olhar.

E o caminho também se coloria
com o riso frouxo que saia ao ouvir a bela voz
da moça de cachos de lado,
de semblante leve e descompromissado...

A menina flor, perfumada de amor,
caminha livre este caminho que colore ainda mais.

Ela tem pálpebras abençoadas,
que a permitem sonhar os mais lindos bailes sob o luar,
canções que flutuam entre as nuvens e silêncios
que chuviscam como pequenas estrelinhas sobre si.

Pois pense você, como não floresce um caminho
que é regado por estrelas e cuidado com tanto carinho.

Mas é que tem um segredo...

Que é o segredo maior,
é esse tal sentimento
que serve de alimento
a quem caminha juntinho assim...

O amor.

Que une essas mãos apaixonadas,
que seguem certamente juntas sua nova jornada.

Feliz aniversário, Gilha Crispim.





quarta-feira, 22 de junho de 2016

Era uma vez, no 110

Era uma vez, um dia comum:
Um dia de aula no qual arrumei meu cabelo e amei,
vesti uma roupa confortável, tomei meu café e fui a universidade.

O plano era o seguinte: assistir a uma palestra,
voltar para a aula de espanhol, ir para a a aula da noite
e então voltar para casa.

Esse era o plano.

Mas, no meio do caminho...
Mais precisamente dentro do 110,
frente a última parada na L2 antes da rodoviária...
Tudo desandou.

Vou contextualizar, espere.


Eu assisti à palestra que queria,
peguei o ônibus para a rodoviária,
a fim de ir para a aula de espanhol...

O ônibus estava mais apertado que o de costume, mas vamos lá.
Eu fiquei em pé ali naquele espaço que existe para um cadeirante...
Porque pensei que, como estava lotado, ao menos sentiria um vento no rosto.
Ao meu lado, colado a janela havia um rapaz.
Na cadeira que desdobra havia uma senhora sentada jogando candy crush.

O rapaz era magro, ruivo, barbudo.
Carregava uma mochila no ombro, skate entre os pés e um livro em mãos.
Ele lia, em meio ao ônibus entupido e encalorado.

A senhora ali estava, sentada, jogando no celular.
Havia muita (mas muita mesmo) gente em pé ao seu redor,
com mochilas pesadas e ombros cansados...
E nada dela oferecer para levar.
Mas tudo bem, às vezes ela não conhecia as normas de conduta do 110.
(É que é um gesto quase automático oferecer para levar a mochila do coleguinha que está em pé)

Ok.
Guarde essas duas personagens.

Eu estava bem, com uma expectativa de chegar a tempo para a minha aula
e ainda animada para voltar a noite a universidade.
Eis que ouço uma tosse.
Assustada, dou um passo a frente -pequeno, dado o espaço que não existia...

Outra tosse.

Tudo desandou.

Uma menina atrás de mim vomitou.

Sim, em mim.

Aí foram flashes:
Virei.
A menina estava viva
e de pé.
Pálida, mas de pé.
Cederam o lugar à coitada.

Abri minha bolsa:
um porta lenços!
Dei metade a menina.
A senhora sentada gritou
"Ai meu Deus! Me dá um!
Caiu no meu pé! Ai socorro, me da um lenço!"
(sem dramatizações, foi isso mesmo)

Eu dei.

Sobraram três.


três
lenços.

As vozes olhavam, piavam:
Nossa, ela vomitou em você.
Eca, caiu no seu cabelo!
Você viu que sujou sua blusa?
...

Todos os olhares me enojavam.

Lembrei do menino, que lia.
Pensei "que vergonha meu Deus"
não vou falar com ele.
Mas sabe... Eu não conseguia enxergar a sujeira.
Tava feia a coisa naquele ônibus.

Perguntei educadamente se ele poderia
passar o lenço nas minhas costas...

O pior: ele disse "é claro!"
Todo o meu sentimento era de gratidão.

Ok. Ainda estou no ônibus.
O que é curioso, porque já estava tão perto da rodoviária.

"Você tem outra blusa?"
Eita poxa. Eita poxa. Eita poxa.
Eu não tinha não. Nem outra blusa nem muita sorte.

Mas tinha esse menino gentil.
Que conversou comigo como se eu cheirasse a rosas.
Que me acompanhou até o banheiro e me emprestou um casaco.

Lembro que quando peguei esse ônibus dei "Boa tarde" ao motorista e ao cobrador.
O cobrador ficou extremamente feliz, porque, dizendo ele as pessoas ali não tinham educação...

Depois, fiquei extremamente feliz por não ser a única lá dentro com um bom coração.

Às vezes as coisas desandam...
Mas viram história.

Obrigada pela gentileza Erick,
Sarah Magalhães

segunda-feira, 20 de junho de 2016

4 anos de blog!

Olá migos! Este ano o Caderno Descolorido comemora QUATRO ANOS DE VIDA! Isso mesmo, eu também achei muito quando percebi.

Então, para celebrar essa data com muito amor e poesia... Farei um sorteio para vocês que acompanham este pequeno blog! <3



O PRESENTE será um "combo poético" contendo:
CADERNO - Para suas anotações, rabiscos, poemas e divagações.
CANETA - Para colorir o seu caderninho!
CANECA - Para o chá quentinho, ou o café perfumado de amor.
ÍMÃS - Para poetizar sua casa.
MARCADORES DE PÁGINA - Para marcar as páginas da sua vida com poesias (HAHAHA)
BRINCOS E COROA DE FLORES - Para te fazer florir! <3

Para PARTICIPAR é preciso:
*Seguir a página Caderno Descolorido no facebook e comentar a foto do sorteio marcando dois migos! <3 (link: https://www.facebook.com/cadernodescolorido)
OU
*Seguir o perfil @cadernodescolorido no instagram e comentar a foto do sorteio marcando dois migos! (link: https://www.instagram.com/cadernodescolorido/)

Para ter MAIS CHANCES de ganhar você pode:
*Comentar mais e mais vezes.
* Compartilhar ou publicar alguma poesia do Caderno Descolorido (em modo público, com a hashtag #4anoscadernodescolorido).

Sobre o SORTEIO:
*Você pode se inscrever até a meia-noite do dia 30 de julho de 2016;
*O resultado será divulgado no dia 31 de julho, à tarde.
*Sorteio válido para todo o Brasil.

Então migos, esse é o presente de aniversário do Caderno Descolorido! Estou muito feliz por ele estar cada vez mais colorido e por vocês me acompanharem a tanto tempo! Obrigada amores!

Beijocas, Sarinha


terça-feira, 7 de junho de 2016

Mundo

Afinal, este é um caderno de poesias.
É um caderno de sentimentos meus.
Talvez do mundo,
mas com certeza meus.

Hoje minha mente está nublada,
vejo a história ciclicamente se repetindo.
Eu vejo enevoada minha vida
assim também.

E segue, seguimos, em círculos.

Acho que estou tonta.

Sarah Magalhães

terça-feira, 31 de maio de 2016

Amiga

                              Para Lêka

Tem amizade que parece

Pingo de luz
no meio de um pesadelo.

Brisa da tarde
que rearruma o cabelo.

Riso sem razão
que remete a mil histórias.

Tem amizade que parece sonho,
tamanha doçura que carrega em si.

Mas é só amizade mesmo,
amizade, de verdade.

Sarah Magalhães

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Poesia para salvar o dia

Eu sei
que tem dia que
tudo vai
de mal
a pior.

Sem pena,
sem dó.

Mas sei também
que no meio
do caminho
tem...

Algo que surge sem motivo,
com o perfume de uma rosa
e a graça de um sorriso de neném.

Isso aí é nosso super-herói invisível,
que leva o nome que você quiser:
de amor, de amora,
de doce de leite,
de conversa sem hora,
de cafuné.

A arte salva nosso dia, sim.
O amor, também.

Mas precisamos abrir os olhos
para enxergar o que não vemos
nesses dias ruins.

Sarah Magalhães

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Sorriso bom

Sorrisos agradam, iluminam,
tocam a gente.

Sorrisos de criança carregam uma energia
que brilha, na intensidade de um diamante ao sol.

Sorrisos de vó são sábios e aconchegantes,
assim, convidativos a um chá com pão de queijo.

Sorrisos de mãe são de orgulho,
de alegria e de cumplicidade.

Cada sorriso chega de um jeito.

O meu é assim meio sem jeito,
mas imenso de amor e de uma doce intenção
de fazer você sorrir com o coração.

Sarah Magalhães

Balões namoradeiros, sorrindo o dia inteiro.



terça-feira, 3 de maio de 2016

Amoras flutuantes

São assim, amores de pessoa,
flutuantes porque seguem leve,
mas não sem rumo.

Nunca seguem em vão.
Por cada caminho por onde passam
deixam um perfume, uma fragrância,
um quê de elegância...
Que são de uma graça
indescritível e inigualável.

Amoras quase (tri)gêmeas,
tamanha a simetria de pensamento e personalidade.

Seus olhares falam no silêncio
e um sutil movimento
traduz quase mil pensamentos.

Elas se entendem bem e prezam
pela ordem das coisas e pela qualidade.

Na universidade, uma apresentação mal feita?
Não existe essa possibilidade.

Existe um olhar seletivo de excelência
que beira a arrogância...
Mas não chega lá.
Está mais para uma auto-consciência
do quão produtivas podem ser.
E não aceitam menos que isso.

E, ao meu ver estão certas,
não vejo problemas nisso.

Amoras,
lindas, finas e elegantes.
Transpassam talvez um ar de superioridade,
às vezes, de distância da realidade.

Mas são levemente fortes, determinadas e carinhosas,
um carinho de gentileza, de preocupação.
Elas flutuam como estrelas na noite,
deixando um rastro perfumado de amora por onde vão.

Sarah Magalhães

Imagem retirada da internet.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Aspas para poesia

e asas para o coração!

Meu coração se aquece nesse frio brasiliense
quando penso em você, ao tomar um café quente.

Eu te amo, em segredo,
mas amo assim sem medo
sem sonhar feliz para sempre
sem desesperar.

Eu leio Quintana e Drummond.
Apaixonadamente.
O meu cabelo desajeitado pelo vento
tenta aquecer as orelhas que congelam.

A fumaça perfumada do café
aquece meu nariz já vermelho.
Eu penso. Pisco. Franzo a testa.
Suspiro. Assopro o vento.

Volto aos versos, em busca de um alento,
talvez, que amorne meu coração.

Tão gélido.

Sarah Magalhães

Ao fundo a porta do meu quarto, no papel meus rabiscos poetizados.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Conversa

Conversa não tem hora
para acontecer.

Pode ser sob o sol 
ou se começar chover.

Porque para conversar, 
a gente tem que estar
com quem se gosta.

Jogar conversa fora.
Trocar um dedo de prosa.
Botar o papo em dia.

Conversa boa a gente enrola
e o tempo passa de fininho
sem nem a gente ver.

Conversa boa nem sempre demora
mas pra gente vale o tempo que render.

Conversa boa a gente lembra
para sempre.

Conversa boa a gente tem
que relembrar...

E aproveitar, para conversar.

O que menos importa para conversar
é onde a outra pessoa está. 

Tem gente que conversa só com o coração...

E é tão bom.

Sarah Magalhães

Na foto, pausa para uma conversa boa com Maria Vitória. 

terça-feira, 26 de abril de 2016

Delírios

No seu sonho quase caiu num portal pra outro mundo.
Em vez disso acordou, se arrumou e foi para a aula.

O ônibus chacoalha chacoalha...
Dormiu encostada na janela.

Caiu num buraco.
Conheceu Alice.
Atravessou a floresta
de árvores falantes.

Espiou Branca deitada
e um príncipe fazendo-a despertar.

Viu de longe uma casa de doces.
Ouviu melodias indescritíveis...
O Coelho passou atrasado, coitado.

Meia hora depois acorda:
são 7h20
está no terminal
perdeu a parada
a aula é às sete.

Está atrasada.
Desceu.
Melhor ir andando, pensou.

No caminho de volta
ao atravessar o semáforo
avistou no horizonte
um coelho de cartola...

Estava no colo de um mágico,
que também ia para a escola.

Sarah Magalhães



sexta-feira, 22 de abril de 2016

Preguiça Capital

Ando tão preguiçosa.
De uma preguiça desesperançosa.
De um cansaço que não é físico
e é triste.

É uma preguiça do caos do país
estampado aqui no Planalto Central.
Preguiça em saber que nem todos os Ipês
conseguem preencher de cor o sujo que há
no quadrado Distrito Federal.

Eu tenho preguiça porque a Rodoviária da capital do país
não está perto de ser um lugar... Um lugar humano.

Mas as pessoas são humanas
e vivem e trabalham e estudam
e dão bom dia e cantarolam.

Da Rodoviária nós nos perdemos entre o horizonte monumental e
os camelôs ecoando em frente ao sinal,
o senhor que gerencia o transporte pirata -Vai Vila Telebrasília? Saindo agora, uma vaga UnB!-,
os indivíduos que pedem esmola,
as crianças que perdem a infância cheirando cola.

A preguiça dói.

Ainda na Rodoviária, nosso cenário dicotômico de cada dia,
há respeito e gentileza e poesia

Há um raiar de sol azul, ou um luar translúcido,
que cativam nosso coração brasiliense e sussurram:
"Deixe de preguiça e siga em frente!"

Brasília, cinza e multicor.
Corrompida e cheia de amor.
Bela, planejada e do sonhar.

O nosso sonho ou grito de esperança,
sem saber o que esperar.

Sarah Magalhães

Foto da Rodoviária, clicada pela @biareisouza


quarta-feira, 2 de março de 2016

Cheiro de amor

Sinto falta de um sorriso no meio da tarde,
daquele cheiro de café forte, pãozinho que você mesma assava,
um cheiro de amor que tomava toda a casa.

Sinto falta de um tempo em que se tinha tempo
para balançar no balanço de madeira na varanda
e ouvir da vovó a quantas anda a novela das seis.

Sei que é importante essa rotina:
temos que estudar, trabalhar, pegar trânsito...

mas hoje vou tirar uma folga e passar o café das quatro pra vovó,
pedir pra ela preparar aquele pãozinho-de-ló.

Sarah Magalhães