quinta-feira, 23 de junho de 2016

Sou nuvem

água suja
poluída
com cheiro de hipocrisia
contamina
caminhos floridos
e perfumados
sempre regados
com amor
respeito
e compaixão

flores outrora sorridentes
hoje murcham
por tanta gente
que passa pelo jardim
jogando lixo
por ter um pensamento mesquinho
ou por talvez
sequer pensar.

noutra vida fui flor
uma flor lilás e contente
uma flor que assistiu
a casais passeando
passarinhos voando
assisti a vida passar
e a um senhor jogar
uma lata vazia sobre mim...

lembro do brilho que me cegava
e do peso da lata
que pr'outra vida
me carregava.

Hoje sou nuvem.

Vejo de cima, tudo de novo acontecer,
sem ninguém se importar ou perceber.

Sarah Magalhães

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Era uma vez, no 110

Era uma vez, um dia comum:
Um dia de aula no qual arrumei meu cabelo e amei,
vesti uma roupa confortável, tomei meu café e fui a universidade.

O plano era o seguinte: assistir a uma palestra,
voltar para a aula de espanhol, ir para a a aula da noite
e então voltar para casa.

Esse era o plano.

Mas, no meio do caminho...
Mais precisamente dentro do 110,
frente a última parada na L2 antes da rodoviária...
Tudo desandou.

Vou contextualizar, espere.


Eu assisti à palestra que queria,
peguei o ônibus para a rodoviária,
a fim de ir para a aula de espanhol...

O ônibus estava mais apertado que o de costume, mas vamos lá.
Eu fiquei em pé ali naquele espaço que existe para um cadeirante...
Porque pensei que, como estava lotado, ao menos sentiria um vento no rosto.
Ao meu lado, colado a janela havia um rapaz.
Na cadeira que desdobra havia uma senhora sentada jogando candy crush.

O rapaz era magro, ruivo, barbudo.
Carregava uma mochila no ombro, skate entre os pés e um livro em mãos.
Ele lia, em meio ao ônibus entupido e encalorado.

A senhora ali estava, sentada, jogando no celular.
Havia muita (mas muita mesmo) gente em pé ao seu redor,
com mochilas pesadas e ombros cansados...
E nada dela oferecer para levar.
Mas tudo bem, às vezes ela não conhecia as normas de conduta do 110.
(É que é um gesto quase automático oferecer para levar a mochila do coleguinha que está em pé)

Ok.
Guarde essas duas personagens.

Eu estava bem, com uma expectativa de chegar a tempo para a minha aula
e ainda animada para voltar a noite a universidade.
Eis que ouço uma tosse.
Assustada, dou um passo a frente -pequeno, dado o espaço que não existia...

Outra tosse.

Tudo desandou.

Uma menina atrás de mim vomitou.

Sim, em mim.

Aí foram flashes:
Virei.
A menina estava viva
e de pé.
Pálida, mas de pé.
Cederam o lugar à coitada.

Abri minha bolsa:
um porta lenços!
Dei metade a menina.
A senhora sentada gritou
"Ai meu Deus! Me dá um!
Caiu no meu pé! Ai socorro, me da um lenço!"
(sem dramatizações, foi isso mesmo)

Eu dei.

Sobraram três.


três
lenços.

As vozes olhavam, piavam:
Nossa, ela vomitou em você.
Eca, caiu no seu cabelo!
Você viu que sujou sua blusa?
...

Todos os olhares me enojavam.

Lembrei do menino, que lia.
Pensei "que vergonha meu Deus"
não vou falar com ele.
Mas sabe... Eu não conseguia enxergar a sujeira.
Tava feia a coisa naquele ônibus.

Perguntei educadamente se ele poderia
passar o lenço nas minhas costas...

O pior: ele disse "é claro!"
Todo o meu sentimento era de gratidão.

Ok. Ainda estou no ônibus.
O que é curioso, porque já estava tão perto da rodoviária.

"Você tem outra blusa?"
Eita poxa. Eita poxa. Eita poxa.
Eu não tinha não. Nem outra blusa nem muita sorte.

Mas tinha esse menino gentil.
Que conversou comigo como se eu cheirasse a rosas.
Que me acompanhou até o banheiro e me emprestou um casaco.

Lembro que quando peguei esse ônibus dei "Boa tarde" ao motorista e ao cobrador.
O cobrador ficou extremamente feliz, porque, dizendo ele as pessoas ali não tinham educação...

Depois, fiquei extremamente feliz por não ser a única lá dentro com um bom coração.

Às vezes as coisas desandam...
Mas viram história.

Obrigada pela gentileza Erick,
Sarah Magalhães

segunda-feira, 20 de junho de 2016

4 anos de blog!

Olá migos! Este ano o Caderno Descolorido comemora QUATRO ANOS DE VIDA! Isso mesmo, eu também achei muito quando percebi.

Então, para celebrar essa data com muito amor e poesia... Farei um sorteio para vocês que acompanham este pequeno blog! <3



O PRESENTE será um "combo poético" contendo:
CADERNO - Para suas anotações, rabiscos, poemas e divagações.
CANETA - Para colorir o seu caderninho!
CANECA - Para o chá quentinho, ou o café perfumado de amor.
ÍMÃS - Para poetizar sua casa.
MARCADORES DE PÁGINA - Para marcar as páginas da sua vida com poesias (HAHAHA)
BRINCOS E COROA DE FLORES - Para te fazer florir! <3

Para PARTICIPAR é preciso:
*Seguir a página Caderno Descolorido no facebook e comentar a foto do sorteio marcando dois migos! <3 (link: https://www.facebook.com/cadernodescolorido)
OU
*Seguir o perfil @cadernodescolorido no instagram e comentar a foto do sorteio marcando dois migos! (link: https://www.instagram.com/cadernodescolorido/)

Para ter MAIS CHANCES de ganhar você pode:
*Comentar mais e mais vezes.
* Compartilhar ou publicar alguma poesia do Caderno Descolorido (em modo público, com a hashtag #4anoscadernodescolorido).

Sobre o SORTEIO:
*Você pode se inscrever até a meia-noite do dia 30 de julho de 2016;
*O resultado será divulgado no dia 31 de julho, à tarde.
*Sorteio válido para todo o Brasil.

Então migos, esse é o presente de aniversário do Caderno Descolorido! Estou muito feliz por ele estar cada vez mais colorido e por vocês me acompanharem a tanto tempo! Obrigada amores!

Beijocas, Sarinha


terça-feira, 7 de junho de 2016

Mundo

Afinal, este é um caderno de poesias.
É um caderno de sentimentos meus.
Talvez do mundo,
mas com certeza meus.

Hoje minha mente está nublada,
vejo a história ciclicamente se repetindo.
Eu vejo enevoada minha vida
assim também.

E segue, seguimos, em círculos.

Acho que estou tonta.

Sarah Magalhães