domingo, 20 de outubro de 2013

Vício em verso


Todo mundo tem um vício,

mesmo que não saiba.

Tenho vício por sorrisos
e os encaixo nos meus versos,
mesmo que não caiba.



(Sarah Magalhães)

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O beijo do palhaço

Estava ali assistindo ao espetáculo,
junto a alguns amigos do karate,
mas o sol me incomodava
e sob uma árvore fui me esconder...

Para que?

A palhacinha não me encontrou!?
E fui parar no picadeiro:
as crianças, vovozinhas, celulares 
e cachorros me olhavam o tempo inteiro.

Que vergonha, nem deu tempo de arrumar o cabelo...

Conversa pra cá,
conversa pra lá...
Eu um pouco agoniada...

Quando vou me despedir
surpreendo-me 
com uma palhaçada, estalada.

Ai, que vergonha. 

Voltei para a minha sombra
em meio a várias risadas
e com as bochechas coradas.

(Sarah Magalhães)


Poesia inspirada no espetáculo dos palhacinhos Aipim e Macaxeira, em uma apresentação de "Dia das Crianças" no Guará. Espero que tenham gostado dos versos tanto quanto gostei das palhaçadas. Se não tiver assistido ao vivo e quiser dar umas risadas... Eis o vídeo: 

Por quê?
 Macaxeira, eu e Aipim em uma praça guaraense.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Bamboleando

Bambolear é arte,
é um jeito da criança de brincar,
é molejo e jogo de cintura,
é fazer o mundo girar...

Bambolear é alegria, é cor, é vida
e inspiração para poesia.

Quando se trocam sorrisos espontâneos 
entre tios e sobrinhos, avôs e netinhos,
entre filhos e pais...

Usando a criatividade
ao cortar
mangueiras e mangueiras 
para bambolear.

Preenchendo com arroz ou feijão
o bambolê que é meio leve.

Parando na hora do almoço
para o arroz com feijão que a mamãe serve,
a gente sente o quanto vale a infância.

Com as crianças que vivem na gente,
aprendemos que às vezes
bambolês significam muito mais
que um cheque de dinheiro,
vídeo-games ou roupas de marca.
Bamboleando a gente lembra
que uma parte da gente ficou na infância
e que não precisa continuar lá...

Então, por que não, sairmos ao quintal para bambolear?

(Sarah Magalhães)





 




Fotografia: Evandro Júnior

domingo, 6 de outubro de 2013

Doce ler

Sonhamos acordadas em devorar nuvens...
Só por conta da tola imaginação.

Mente de criança é muito louca,
acredita em batatinhas espalhadas pelo chão,
acredita em bicho papão no guarda-roupa,
acredita em tudo o que a gente conta...

Sonhamos em caminhar nas nuvens, descalças,
sentindo a fofura do algodão.
Sonhamos em descansar sentadas lá no céu,
aproveitando a doçura da nuvem de imaginação.

Crescemos sonhando em devorar nuvens,
alcançar as estrelas, comer um teco do queijo lá do céu!

Crescemos apenas em tamanho,
a mente, tola como de criança,
ainda está passeando pelo céu,
entre as nuvens e as linhas desse papel.

(Sarah Magalhães)

Deixo aqui em itálico, meu muito obrigada, Lele, pela inspiração <3


Fotografia: Evandro Júnior

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Instantes da vida

Eu caminhei uns dez minutos
entre praças ensolaradas.
Sentei num banco sob a árvore
para descansar a alma.

O céu ainda era azul
e a minha blusa cor-de-rosa.

Meu pensamento voava distante...

Em um instante
um pássaro
em mim
descartou
sua bosta.

O céu ainda era azul
e minha blusa não mais cor-de-rosa.

(Sarah Magalhães)