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quinta-feira, 30 de abril de 2015

Poemas sabem voar?

Porque se sabem,
quero ser poema.

Quero bailar leve
como as borboletas.

Quero das flores
seu perfume e beleza.

Não quero ser efêmera...

Quero a força e eternidade
das letras.

Sarah Magalhães

sábado, 7 de dezembro de 2013

Dona Sarah, Conselheira Amorosa

Meu amigo fica querendo conselho amoroso,
mas sou a pior conselheira que conheço.

Eu poderia indicar a ele uma cartomante
para levar a mulher amada em três dias.

Ou sugerir umas cantadas infalíveis
para conquistar o amor da vida dele.

Eu poderia emprestar umas poesias, indicar uma floricultura
e escrever a receita de um suflê de rapadura
para ele conquistar a mulher que tanto diz amar.

Se ele tivesse paciência para ler,
eu daria de presente um daqueles livros
ditos de auto-ajuda que ensinam
como relacionamentos ideais devem ser.

Caixas de bombons podem engordar.
Presentes podem se desgastar.
As flores murcham.
Os poemas largados na gaveta.
As cantadas funcionam tanto
quanto cantar dando pirueta.
Livro de auto-ajuda, se servisse para ajudar
não sairia todo dia mais um título a se lançar...
Um só resolveria.

Acho que de todas as opções,
o melhor que pude pensar foi a tal cartomante,
tem até referências...
Acho que vou anotar nome e telefone
num bloquinho e deixar na estante,
para quando ele vier me visitar.

Eu sou a pior conselheira que ele poderia conhecer,
mas amiga se esforça, não importa o "para que".
Só queria compartilhar isso,
obrigada por ler.

(Sarah Magalhães)

sábado, 8 de dezembro de 2012

Besteirol

Quero mais
besteiras.

Quero mais,
muito mais motivos
para rir sem pensar.

Mas para que, tanto querer, meu bem?
Essa vida tranquila, na sombra, já não te faz bem?

Eu quero mais nuvens coloridas,
mais flores esculpidas por lápis de cor.
Quero bolhas de sabão chegando ao espaço
sem demora, mas sem hora para voltar.

Quero uma xícara de margaridas
no lugar do chá
e uma pratada de tulipas rosadas
no lugar do jantar.

Quero um buquê colorido
que chova desse céu azul, vezes tão cinza...

Quero viver um sonho bom,
nessa sombra tranquila
que ainda me faz bem.

Vou levantar e me arrumar...
Nessa tarde tranquila vou criar
a casa mais florida que há.

Onde então eu vou viver
e mais besteiras vou querer.

(Sarah Magalhães)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Flor no Jardim

Faz falta o teu cheiro.
Faz falta te ver toda manhã
                  te ter sempre perto
                  de mim.
Oh, como faz falta,
Querida Flor, no meu Jardim.
              
  (Sarah Matos Magalhães)

terça-feira, 12 de junho de 2012

Uma história estranha, para o dia dos namorados

Dia dos namorados,
shopping centers lotados,
corações apaixonados
e alguém num canto calado.

Esse alguém lia um livro,
não consegui ver a capa...
mas não importa.

Peguei minha mochila
e sentei ao lado.

Era um garoto 
de olhos escuros
e profundos,
blusa xadrez e cabelo enrolado
-meio despenteado-

Abri o meu livro, 
para ler ao seu lado,
dei um sorriso.
Fiquei.

O tempo parecia confuso:
meio ensolarado,
mas o céu querendo ficar escuro...
O tempo, sem vento,
parecia criança em cima do muro,
sem saber se vai pra lá
ou pra cá...
e acaba que fica sentado, olhando.

Esse tempo meio desnorteado
fica sentado observando
os casais passando
os consumistas comprando
os poetas compondo
as meninas dançando
os meninos jogando futebol num campão...
Fica olhando também,
aqueles que passam em vão,
apenas sorrindo, ou não.

Uma guria passeando com o cachorro
e um senhor passando com o saco de pão.

Enquanto isso 
estou sentada ao lado
do garoto desenturmado,
lendo o meu livro
e vendo o tempo decidir,
se vai passar ou ficar aqui.

Então ouço o garoto rir
e depois sorrir.
Para mim?

Ele se virou,
fez uma cara meio engraçada
como quem não quer dizer nada,
e me falou:
- Feliz dia dos namorados
garota dos cachos dourados!

Por algum motivo,
fiquei sem graça
e senti as minhas bochechas
ficando avermelhadas.

Acho que pisquei, 
fechei o livro
e depois falei:
- Feliz dia dos bananas 
para você também.
Meu nome é Eduarda,
sentei aqui e nem me apresentei...

Ele se levantou
e com um gesto cavalheiresco, 
também me levantou.
Achei tão estranho,
ainda não sabia seu nome,
mas sabia conhecer aqueles 
olhos misteriosos,
talvez de algum sonho.

Fomos caminhando por aí,
conversando sobre os livros
e sobre pedras...
pedras mesmo.

No caminho (para não sei aonde)
a gente viu uma senhora,
sentada na rua pedindo esmola...
Um palhaço,
trabalhando sério no semáforo...
Um camelô,
vendendo doces em frente ao metrô...
Uma guria,
vestida de Rosa e andando de patins...

Atrás dela vinham
deslizando também:
orquídeas,
tulipas,
margaridas
e um Cravo.

O cravo
era um garoto
muito alto e magro...
Atrás dele,
vinha outro rapaz
(de jeans e camiseta branca)
que pedalava uma bike cinza
enquanto filmava
as tulipas e margaridas
zanzando e desejando
feliz dia dos namorados a todos que passavam...

Enquanto rolava essa festa,
eu e o garoto dos olhos profundos 
ficamos parados olhando
e tentando entender 
o que aquele povo queria fazer.

Tudo se explicou.

O cravo alcançou a rosa.
As tulipas e margaridas
sorriram e fizeram roda.
O cravo beijou a rosa.
As flores estavam cantando 
uma musiquinha apaixonada,
enquanto o garoto da bike cinza se aproximava.

Dessa bagunça a rua estava rindo.
Era um clipe apaixonado
de alguns doidos fantasiados.

Eu ainda sorrindo perguntei
ao garoto de olhos escuros
e profundos,
se queria tomar um sorvete
lá perto da rua debaixo.
Ele respondeu que preferia
um açaí que ficava logo ali...
No caminho ele me falou
que achava o dia dos namorados engraçado,
meio inútil, mas engraçado.
E disse que o seu nome
eu não havia perguntado.

Foi aí que eu notei...

Mesmo assim não perguntei.

(Sarah Matos Magalhães)