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terça-feira, 8 de outubro de 2013

O beijo do palhaço

Estava ali assistindo ao espetáculo,
junto a alguns amigos do karate,
mas o sol me incomodava
e sob uma árvore fui me esconder...

Para que?

A palhacinha não me encontrou!?
E fui parar no picadeiro:
as crianças, vovozinhas, celulares 
e cachorros me olhavam o tempo inteiro.

Que vergonha, nem deu tempo de arrumar o cabelo...

Conversa pra cá,
conversa pra lá...
Eu um pouco agoniada...

Quando vou me despedir
surpreendo-me 
com uma palhaçada, estalada.

Ai, que vergonha. 

Voltei para a minha sombra
em meio a várias risadas
e com as bochechas coradas.

(Sarah Magalhães)


Poesia inspirada no espetáculo dos palhacinhos Aipim e Macaxeira, em uma apresentação de "Dia das Crianças" no Guará. Espero que tenham gostado dos versos tanto quanto gostei das palhaçadas. Se não tiver assistido ao vivo e quiser dar umas risadas... Eis o vídeo: 

Por quê?
 Macaxeira, eu e Aipim em uma praça guaraense.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Uma história estranha, para o dia dos namorados

Dia dos namorados,
shopping centers lotados,
corações apaixonados
e alguém num canto calado.

Esse alguém lia um livro,
não consegui ver a capa...
mas não importa.

Peguei minha mochila
e sentei ao lado.

Era um garoto 
de olhos escuros
e profundos,
blusa xadrez e cabelo enrolado
-meio despenteado-

Abri o meu livro, 
para ler ao seu lado,
dei um sorriso.
Fiquei.

O tempo parecia confuso:
meio ensolarado,
mas o céu querendo ficar escuro...
O tempo, sem vento,
parecia criança em cima do muro,
sem saber se vai pra lá
ou pra cá...
e acaba que fica sentado, olhando.

Esse tempo meio desnorteado
fica sentado observando
os casais passando
os consumistas comprando
os poetas compondo
as meninas dançando
os meninos jogando futebol num campão...
Fica olhando também,
aqueles que passam em vão,
apenas sorrindo, ou não.

Uma guria passeando com o cachorro
e um senhor passando com o saco de pão.

Enquanto isso 
estou sentada ao lado
do garoto desenturmado,
lendo o meu livro
e vendo o tempo decidir,
se vai passar ou ficar aqui.

Então ouço o garoto rir
e depois sorrir.
Para mim?

Ele se virou,
fez uma cara meio engraçada
como quem não quer dizer nada,
e me falou:
- Feliz dia dos namorados
garota dos cachos dourados!

Por algum motivo,
fiquei sem graça
e senti as minhas bochechas
ficando avermelhadas.

Acho que pisquei, 
fechei o livro
e depois falei:
- Feliz dia dos bananas 
para você também.
Meu nome é Eduarda,
sentei aqui e nem me apresentei...

Ele se levantou
e com um gesto cavalheiresco, 
também me levantou.
Achei tão estranho,
ainda não sabia seu nome,
mas sabia conhecer aqueles 
olhos misteriosos,
talvez de algum sonho.

Fomos caminhando por aí,
conversando sobre os livros
e sobre pedras...
pedras mesmo.

No caminho (para não sei aonde)
a gente viu uma senhora,
sentada na rua pedindo esmola...
Um palhaço,
trabalhando sério no semáforo...
Um camelô,
vendendo doces em frente ao metrô...
Uma guria,
vestida de Rosa e andando de patins...

Atrás dela vinham
deslizando também:
orquídeas,
tulipas,
margaridas
e um Cravo.

O cravo
era um garoto
muito alto e magro...
Atrás dele,
vinha outro rapaz
(de jeans e camiseta branca)
que pedalava uma bike cinza
enquanto filmava
as tulipas e margaridas
zanzando e desejando
feliz dia dos namorados a todos que passavam...

Enquanto rolava essa festa,
eu e o garoto dos olhos profundos 
ficamos parados olhando
e tentando entender 
o que aquele povo queria fazer.

Tudo se explicou.

O cravo alcançou a rosa.
As tulipas e margaridas
sorriram e fizeram roda.
O cravo beijou a rosa.
As flores estavam cantando 
uma musiquinha apaixonada,
enquanto o garoto da bike cinza se aproximava.

Dessa bagunça a rua estava rindo.
Era um clipe apaixonado
de alguns doidos fantasiados.

Eu ainda sorrindo perguntei
ao garoto de olhos escuros
e profundos,
se queria tomar um sorvete
lá perto da rua debaixo.
Ele respondeu que preferia
um açaí que ficava logo ali...
No caminho ele me falou
que achava o dia dos namorados engraçado,
meio inútil, mas engraçado.
E disse que o seu nome
eu não havia perguntado.

Foi aí que eu notei...

Mesmo assim não perguntei.

(Sarah Matos Magalhães)