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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Rodolfo

Na rua agora
latido de um lado
latido de outro...

"Cachorros, calados!"
Gritou seu Rodolfo.

Latidos pela rua...

Hoje é noite de lua cheia seu Rodolfo,
gritos de nada irão adiantar.
Deixe os bichinhos saudarem a noite
e a sua dama espetacular.

Parece que o luar fica maior nessa imensidão de uivos.
Pensou seu Rodolfo, em seu mais silencioso suspiro antes de dormir.

(Sarah Magalhães)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O sonho do pijama

Quem nunca teve um sonho
em que estava na escola de pijama?

Andava pelo corredor,
entrava na sala de aula
e só percebia o que vestia
depois que a turma inteira olhava,
apontava e depois ria...

E quem disse que se pode correr?
Faça o esforço que for,
mas nesse sonho
você não vai se mexer!

Pânico? Sono? Cadê o travesseiro?

Quem me dera antes de entrar na sala
tivesse passado no banheiro,
assim teria me olhado no espelho...

Não adianta mais.

Quem nunca teve um sonho
em que estava na escola de pijama?

Mas com o sol tímido nascendo
acordou e percebeu que durante o tempo inteiro
estivera roncando na cama e nada demais aconteceu.

É cada coisa!

(Sarah Magalhães)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Doce Julia

Queria que chovesse gelatina
por isso todo dia, pedia para a mãe...

Queria que o céu fosse cor de rosa
e todo dia perguntava ao tio,
por que o céu é azul...

Júlia, todo dia perguntava
e todas as noites sonhava.

Um dia encucou que choveria jujuba
e que a terra seria chocolate em pó...

Foi dormir
mas
no meio
da noite
acordou!

Chorava sem parar
e sua mãe foi lhe ninar:

Mas Jú, porque esse choro?
Tenha calma, foi só um sonho...

A menina voltou a dormir.

Mal sabia sua mãe,
do pesadelo que Júlia acabara de assistir:

Choviam muitas jujubas açucaradas e coloridas,
a terra já não era suja, mas chocolate para sua barriga!
Mas em meio aquele doce mundo fantástico...
Surgiam formigas, ratos e baratas famintas,
atacando o que era mágico e devorando o sonho
da pequena Julinha.

Jú nunca mais comeu jujubas açucaradas.

(Sarah Magalhães)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Hora de dormir

Um beijinho na testa
e o desejo de boa noite
recebem como resposta um:
"Obrigada por brincar comigo hoje."

Eu vou apagar a luz do quarto
e a menina mimada se põe a pedir:
"Titia, fica comigo,
senão não vou conseguir dormir"

Eu fico ao seu lado
e conto uma história
dessas de princesa.

A pequenina, já boceja
e diz que princesa também quer ser.

Saio de fininho
e a deixo sonhar.

E penso que as vezes
nem percebemos
nosso sonho se realizar.

(Sarah Magalhães)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Cartões-postais

Ah, por favor
não me escreva mais poemas
que tanto me fazem chorar.
Você, aí de longe
diz que me ama,
rima amor com dor,
escreve alguma coisinha
e assina "Com amor, Amor."

Isso me cansa.
Faz mais mal
do que bem.

Se você quer me ver feliz,
de verdade, de coração,
vem aqui, me faz uma surpresa,
quem sabe
canta uma canção...

Mas também
não estou pedindo serenata
nem nenhuma demonstração
pública de amor.

O que estou querendo
é ser realmente amada
sem ser segurada
por um alguém
que nem me vê,
nem pessoalmente, nem nos sonhos
nem... nem na memória.
Ao menos é isso que me faz imaginar.

Todo mês,
chega-me um cartão postal,
é sempre bonito,
comprado em alguma banca de revista...
É sempre um cartão daqueles
tão enfeitados que se fossem guardados até dezembro
serviriam como lembrança de natal.

Vem com umas poesias bregas
ou uns poemas
daqueles mais arcaicos.
Eu até gosto, para ser sincera.

Mas o que me mata
por dentro
e aos pouquinhos
é essa sensação
de abajur.

Sensação de ser aquele
abajur verde oliva,
que a sua tia de segundo grau
te deu de presente
no último natal...

Você nunca ligou o abajur,
só uma vez, quando ela te visitou.
E nem foi você!
Foi o seu sobrinho pentelho,
para ver se o presente prestou.

Ah, então, deixe-me voltar para aonde estava...

O abajur verde oliva:
eu me sinto como ele,
porque você o tem ali
quietinho a te esperar, paciente.
Para quando precisar usar,
para ler um livro, estudar...
Aí, você precisa:
acende e depois,
dorme,
esquece-o ali empoeirando
e se desgastando
só olhando você dormir.

Mas ainda estou em uma situação pior!
Nem ver-te a noitinha posso,
ou a hora que for...
Você, do outro lado do continente,
esqueceu-me e nem pela internet
me diz o que sente...

Oras, me cansei!

Nem sei se você se importa,
mas escrever me trás
uma sensação de coragem,
de força,
de ser capaz de acabar com esse mal
que você anda me fazendo
(talvez até, sem nem saber que faz)

Vou fazer assim,
a partir de hoje,
não vou ler mais
seus cartões postais.
Quando chegarem,
envio pra Tailândia,
ou pra Uberlândia...
tanto faz.

(Sarah Magalhães)

terça-feira, 26 de junho de 2012

Efeitos

Qualquer olhada tua
pode me fazer sorrir.

Qualquer olhar a lua
pode me fazer dormir.

Cada brilho, cada luz.

Cada brisa
Cada vento
Cata-vento
Alegria

Cada coisa
Cada dia

Cada um
Na poesia

(Sarah Magalhães)

domingo, 17 de junho de 2012

Antes de dormir

Mais eu tenho para lhe escrever,
mas agora vou dormir.

Queria rimar e anoitecer
escrevendo sobre o céu
                 as nuvens
                 as estrelas
                 e contando casos
                 sobre você.

Mas ainda sou pequena
e tenho horários a cumprir,
por isso aqui lhe deixo um beijo
e um abraço para concluir.

(Sarah Magalhães)

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Amoresia

Para você poder me ver a noite
antes de dormir,
vou tirar uma fotografia,
usando a amoresia,
que é a mais nova tecnologia
para salvar imagens de amor.

Revelo o retrato
e peço ao meu anjo,
que ao encontrar com o seu
leve a imagem com um sorriso meu.

Para que antes de dormir,
tenha uma lembrança boa para olhar
e que te faça feliz.

Eu espero o meu anjo voltar
ainda a noite 
com a notícia para me contar:
entregou o retrato num ato
ao seu anjo dourado
que voou e te entregou.

O sorriso meu
provocou outro seu.

A amoresia o espaço transcendeu,
o tempo e os planos percorreu.

Não deixou desconsoladas
duas almas apaixonadas.

Antes dos meus olhos fechar para dormir,
uma terna voz ainda pude ouvir...
Era o meu anjo, que bem baixinho
ao meu ouvido estava a falar:

"Foi bom perceber que há um puro amor em seu peito, 
ao encontrar-me com o anjo dourado, 
pude perceber que o sentimento é compartilhado.
Quero ter parte da responsabilidade
na história distante que se iniciou
e que uma parte do trajeto, até os anjos percorreram.
Nós colaboramos, querida,
para não se deixar apagar
um amor como o seu." 


            (Sarah Matos Magalhães)