Mostrando postagens com marcador natal. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador natal. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Então, é natal?


Quanta energia é notada
na véspera do natal!

São tantos enfeites pelas ruas...
Árvores, antes nuas,
agora piscantes e enfeitadas.

São tantos sonhos e fantasias
que no decorrer do ano ficaram empoeiradas e esquecidas...

Mas renascem com o espírito natalino,
enquanto guirlandas de hipocrisia são dispostas
sobre portas bem ornadas com bolinhas e sinos.

Acho uma pena que esse banquete tão pomposo,
com velas e bonecos de neve,
não se estendam a todo o povo,
que as vezes, nem um copo d'água limpa bebe.

O maior brilho do natal
(os pisca-piscas escandalosos)
ofusca o meu olhar para ver
a verdadeira solidariedade, amor,
união, fraternidade, paz e felicidade.

Que todos os dias devemos
proporcionar e receber.

Sem os disfarces de um velho senhor,
morrendo de calor em sua bela e vermelha roupa,
com um saco de presentes e uma esquisita touca.

(Sarah Magalhães)

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Desprendimento

Num tempo
de secura:
sol e vento

Caminho 
pela rua
vejo pobres
e penso

Em uma 
nova forma
de desprendimento

Desprendo da cabeça
uma presilha
e continuo caminhando
(de cabelos ao vento)

Eu queria mesmo
conseguir pensar
em algo com que eu possa
a quem precisa, ajudar

Após a vitrine
de uma loja ver
lembro do que
poderei me desprender

Porque não doar 
roupas e brinquedos
a uma instituição legal...?

Quem disse que crianças
só precisam disso 
no natal?

(Sarah Magalhães)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Cartões-postais

Ah, por favor
não me escreva mais poemas
que tanto me fazem chorar.
Você, aí de longe
diz que me ama,
rima amor com dor,
escreve alguma coisinha
e assina "Com amor, Amor."

Isso me cansa.
Faz mais mal
do que bem.

Se você quer me ver feliz,
de verdade, de coração,
vem aqui, me faz uma surpresa,
quem sabe
canta uma canção...

Mas também
não estou pedindo serenata
nem nenhuma demonstração
pública de amor.

O que estou querendo
é ser realmente amada
sem ser segurada
por um alguém
que nem me vê,
nem pessoalmente, nem nos sonhos
nem... nem na memória.
Ao menos é isso que me faz imaginar.

Todo mês,
chega-me um cartão postal,
é sempre bonito,
comprado em alguma banca de revista...
É sempre um cartão daqueles
tão enfeitados que se fossem guardados até dezembro
serviriam como lembrança de natal.

Vem com umas poesias bregas
ou uns poemas
daqueles mais arcaicos.
Eu até gosto, para ser sincera.

Mas o que me mata
por dentro
e aos pouquinhos
é essa sensação
de abajur.

Sensação de ser aquele
abajur verde oliva,
que a sua tia de segundo grau
te deu de presente
no último natal...

Você nunca ligou o abajur,
só uma vez, quando ela te visitou.
E nem foi você!
Foi o seu sobrinho pentelho,
para ver se o presente prestou.

Ah, então, deixe-me voltar para aonde estava...

O abajur verde oliva:
eu me sinto como ele,
porque você o tem ali
quietinho a te esperar, paciente.
Para quando precisar usar,
para ler um livro, estudar...
Aí, você precisa:
acende e depois,
dorme,
esquece-o ali empoeirando
e se desgastando
só olhando você dormir.

Mas ainda estou em uma situação pior!
Nem ver-te a noitinha posso,
ou a hora que for...
Você, do outro lado do continente,
esqueceu-me e nem pela internet
me diz o que sente...

Oras, me cansei!

Nem sei se você se importa,
mas escrever me trás
uma sensação de coragem,
de força,
de ser capaz de acabar com esse mal
que você anda me fazendo
(talvez até, sem nem saber que faz)

Vou fazer assim,
a partir de hoje,
não vou ler mais
seus cartões postais.
Quando chegarem,
envio pra Tailândia,
ou pra Uberlândia...
tanto faz.

(Sarah Magalhães)