segunda-feira, 9 de maio de 2016

Poesia para salvar o dia

Eu sei
que tem dia que
tudo vai
de mal
a pior.

Sem pena,
sem dó.

Mas sei também
que no meio
do caminho
tem...

Algo que surge sem motivo,
com o perfume de uma rosa
e a graça de um sorriso de neném.

Isso aí é nosso super-herói invisível,
que leva o nome que você quiser:
de amor, de amora,
de doce de leite,
de conversa sem hora,
de cafuné.

A arte salva nosso dia, sim.
O amor, também.

Mas precisamos abrir os olhos
para enxergar o que não vemos
nesses dias ruins.

Sarah Magalhães

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Sorriso bom

Sorrisos agradam, iluminam,
tocam a gente.

Sorrisos de criança carregam uma energia
que brilha, na intensidade de um diamante ao sol.

Sorrisos de vó são sábios e aconchegantes,
assim, convidativos a um chá com pão de queijo.

Sorrisos de mãe são de orgulho,
de alegria e de cumplicidade.

Cada sorriso chega de um jeito.

O meu é assim meio sem jeito,
mas imenso de amor e de uma doce intenção
de fazer você sorrir com o coração.

Sarah Magalhães

Balões namoradeiros, sorrindo o dia inteiro.



terça-feira, 3 de maio de 2016

Amoras flutuantes

São assim, amores de pessoa,
flutuantes porque seguem leve,
mas não sem rumo.

Nunca seguem em vão.
Por cada caminho por onde passam
deixam um perfume, uma fragrância,
um quê de elegância...
Que são de uma graça
indescritível e inigualável.

Amoras quase (tri)gêmeas,
tamanha a simetria de pensamento e personalidade.

Seus olhares falam no silêncio
e um sutil movimento
traduz quase mil pensamentos.

Elas se entendem bem e prezam
pela ordem das coisas e pela qualidade.

Na universidade, uma apresentação mal feita?
Não existe essa possibilidade.

Existe um olhar seletivo de excelência
que beira a arrogância...
Mas não chega lá.
Está mais para uma auto-consciência
do quão produtivas podem ser.
E não aceitam menos que isso.

E, ao meu ver estão certas,
não vejo problemas nisso.

Amoras,
lindas, finas e elegantes.
Transpassam talvez um ar de superioridade,
às vezes, de distância da realidade.

Mas são levemente fortes, determinadas e carinhosas,
um carinho de gentileza, de preocupação.
Elas flutuam como estrelas na noite,
deixando um rastro perfumado de amora por onde vão.

Sarah Magalhães

Imagem retirada da internet.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Aspas para poesia

e asas para o coração!

Meu coração se aquece nesse frio brasiliense
quando penso em você, ao tomar um café quente.

Eu te amo, em segredo,
mas amo assim sem medo
sem sonhar feliz para sempre
sem desesperar.

Eu leio Quintana e Drummond.
Apaixonadamente.
O meu cabelo desajeitado pelo vento
tenta aquecer as orelhas que congelam.

A fumaça perfumada do café
aquece meu nariz já vermelho.
Eu penso. Pisco. Franzo a testa.
Suspiro. Assopro o vento.

Volto aos versos, em busca de um alento,
talvez, que amorne meu coração.

Tão gélido.

Sarah Magalhães

Ao fundo a porta do meu quarto, no papel meus rabiscos poetizados.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Conversa

Conversa não tem hora
para acontecer.

Pode ser sob o sol 
ou se começar chover.

Porque para conversar, 
a gente tem que estar
com quem se gosta.

Jogar conversa fora.
Trocar um dedo de prosa.
Botar o papo em dia.

Conversa boa a gente enrola
e o tempo passa de fininho
sem nem a gente ver.

Conversa boa nem sempre demora
mas pra gente vale o tempo que render.

Conversa boa a gente lembra
para sempre.

Conversa boa a gente tem
que relembrar...

E aproveitar, para conversar.

O que menos importa para conversar
é onde a outra pessoa está. 

Tem gente que conversa só com o coração...

E é tão bom.

Sarah Magalhães

Na foto, pausa para uma conversa boa com Maria Vitória. 

terça-feira, 26 de abril de 2016

Delírios

No seu sonho quase caiu num portal pra outro mundo.
Em vez disso acordou, se arrumou e foi para a aula.

O ônibus chacoalha chacoalha...
Dormiu encostada na janela.

Caiu num buraco.
Conheceu Alice.
Atravessou a floresta
de árvores falantes.

Espiou Branca deitada
e um príncipe fazendo-a despertar.

Viu de longe uma casa de doces.
Ouviu melodias indescritíveis...
O Coelho passou atrasado, coitado.

Meia hora depois acorda:
são 7h20
está no terminal
perdeu a parada
a aula é às sete.

Está atrasada.
Desceu.
Melhor ir andando, pensou.

No caminho de volta
ao atravessar o semáforo
avistou no horizonte
um coelho de cartola...

Estava no colo de um mágico,
que também ia para a escola.

Sarah Magalhães



sexta-feira, 22 de abril de 2016

Preguiça Capital

Ando tão preguiçosa.
De uma preguiça desesperançosa.
De um cansaço que não é físico
e é triste.

É uma preguiça do caos do país
estampado aqui no Planalto Central.
Preguiça em saber que nem todos os Ipês
conseguem preencher de cor o sujo que há
no quadrado Distrito Federal.

Eu tenho preguiça porque a Rodoviária da capital do país
não está perto de ser um lugar... Um lugar humano.

Mas as pessoas são humanas
e vivem e trabalham e estudam
e dão bom dia e cantarolam.

Da Rodoviária nós nos perdemos entre o horizonte monumental e
os camelôs ecoando em frente ao sinal,
o senhor que gerencia o transporte pirata -Vai Vila Telebrasília? Saindo agora, uma vaga UnB!-,
os indivíduos que pedem esmola,
as crianças que perdem a infância cheirando cola.

A preguiça dói.

Ainda na Rodoviária, nosso cenário dicotômico de cada dia,
há respeito e gentileza e poesia

Há um raiar de sol azul, ou um luar translúcido,
que cativam nosso coração brasiliense e sussurram:
"Deixe de preguiça e siga em frente!"

Brasília, cinza e multicor.
Corrompida e cheia de amor.
Bela, planejada e do sonhar.

O nosso sonho ou grito de esperança,
sem saber o que esperar.

Sarah Magalhães

Foto da Rodoviária, clicada pela @biareisouza


quarta-feira, 2 de março de 2016

Cheiro de amor

Sinto falta de um sorriso no meio da tarde,
daquele cheiro de café forte, pãozinho que você mesma assava,
um cheiro de amor que tomava toda a casa.

Sinto falta de um tempo em que se tinha tempo
para balançar no balanço de madeira na varanda
e ouvir da vovó a quantas anda a novela das seis.

Sei que é importante essa rotina:
temos que estudar, trabalhar, pegar trânsito...

mas hoje vou tirar uma folga e passar o café das quatro pra vovó,
pedir pra ela preparar aquele pãozinho-de-ló.

Sarah Magalhães

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

E as novidades?

- Ooooi Sarah! Tudo bem!? E aí, que bom te ver! E as novidades?
- ...

Hoje tenho novidade! Na semana passada aconteceu o "II Colóquio Internacional O Realismo e sua Atualidade: Estética e Crítica", foram três dias de apresentações com ilustres convidados na UnB. 
Além de enriquecedor, sensacional e instigante, esse evento foi um "furacão".
Furacão foi a expressão que a Joyce (nova amizade feita em meio à literatura) usou para descrever as aulas que temos com a professora Ana Laura, que adorei e, adotei para a vida.
Essa experiência de ouvinte das mesas de debates super densas e também descontraídas foi indescritível, mesmo assim tentarei descrevê-la: 

Faz parte da vida universitária aventurar-se pelo campus,
buscar as salas que parecem não existir no mapa.

Encontrá-la, uma vitória.

Estou agora diante do palco.
Mas sou público e estou atenta.

Ou acredito estar...

Escuto, anoto, me pergunto.
Meu bloco de anotações cheio de rabiscos,
referências, conceitos e inquietações.

Meu olhar transpassa os sentidos que posso imaginar,
busco enxergar o todo e os mínimos detalhes.

Fico boba com o tradutor, que incessantemente trabalha
(confesso que me perguntei como ele traduziu desfetichização 
-e acredito que não fui a única).
...
Eu me distraio também, com os trejeitos dos convidados.
...
Eu cochilo também. Estou ali acompanhando uma fala.
acordo em outra, já não entendo nada.
...
No intervalo comprei um dos livros expostos 
"A nação drummondiana"
que li o quanto pude na pausa para o almoço.

Escrito pelo professor Alexandre Pilati
e autografado também,
trouxe-o comigo 
junto
a
uma
incessante vontade
de ler mais e mais, de entender
a condição da nossa literatura e...

Aproveitar o tempo,
mergulhar em leituras.

Depois das exposições que assisti,
despertou-se em mim um estímulo
para estudar a literatura da vida,
viver a vida da literatura,
ler o realismo do tempo.

Tempo esse que não tem tempo.

(Sarah Magalhães)




Flores

Tem flor no meio do caminho.
Tem flor nascendo entre o concreto.
Tem flor que é sorriso de menina.
Tem flor, que já não tem mais jardim certo.
Mas tem flor. 

(Sarah Magalhães)


🌸



Só uma foto 
Só uma sala 
Só, uma sala vazia.

(Sarah Magalhães)


sábado, 14 de novembro de 2015

Solidariedade

Hoje as palavras são gotas de solidariedade caindo sobre o papel.
Solidariedade à dor que ainda acompanha as famílias em Mariana, aqui no Brasil.
Solidariedade às famílias na França, após o atentado em Paris.

Solidariedade ao mundo e suas dores.

(Sarah Magalhães)


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A casa azul

Era uma casa muito engraçada, 
não tinha teto, não tinha nada!

Hoje eu vim contar para vocês, 
sobre uma caixa que ia para o lixo...

Uma caixa grande o suficiente para caber
três crianças, um bebê e muita imaginação.

O papelão que outrora serviu 
para armazenar um eletrodoméstico,
agora será um objeto mais que poético:
uma casa azul.

A ideia nem era ser azul, era apenar ser
uma casinha para as crianças...
Mas aí chegou meu tio e sugeriu
"Por que você não pinta essa parede aqui, vai bombar!"
Eu pensei, é... Pode ser...
E ele foi me ensinar: 
"Tem que colocar a fita assim em volta, 
para não manchar as bordas."

Ele pintou uma parede e pintei a outra.

No dia seguinte, continua o trabalho, 
eu, mamãe e Lele resolvemos pintar ela toda por fora.
Ficou linda e o azul, meus queridos,
é a cor curinga.

Não existe mais isso de rosa é de menina,
azul é de menino.
Todas as cores são bonitas e
especialmente depois de Frozen
esse discurso entrou na prática.

Mas então, resolvemos fazer um telhado bonitinho e
por coincidência (ou não) do destino
no dia Wellinton estava aqui...

Ele estava consertando o telhado aqui de casa.
Quando viu o telhado da casa azul tranziu a testa...
"Esse telhado aqui tá torto, 
deixa eu ajudar vocês..."
E então sem mais conversa, 
arrumou o nosso serviço amador
e telhado também a casa ganhou.

A verdade é que todo mundo que aqui chegava,
não enxergava uma caixa de papelão...
Via uma importante casa que estava em construção.

E a essa casa dedicavam tempo,
carinho e tinta, pincel, verniz a base d'água,
davam pitaco, tentavam entrar, testavam a estabilidade,
será que a crianças, a casa iria aguentar?

Ainda em construção,
a casa azul recebeu uma visita.
Falei: Cuidado, é melhor não se apoiar porque a casa é de papelão!
E a ilustre convidada perguntou: Mas porque a casa é de papelão? Poxa vida!
E se o Lobo Mal vier e assoprar e assoprar e assoprar! 

A pequena ficou pensativa.
Eu também.

Mas convenci-lhe de que ia ficar tudo bem.

A ideia de fazer uma casinha com a caixa de papelão
foi melhor do que se poderia imaginar.
Os adultos se divertiram em construí-la
e ela foi feita com muita dedicação.
As crianças ficaram ENCANTADAS
e sempre que chegam aqui, é só diversão.

Mamãe, obrigada pela ideia genial!
E obrigada também a todos que ajudaram!

Casa Azul, Rua da Brincadeira, Brasília - DF
Sarah Magalhães




Cada parede foi decorada com o tema de um desenho animado que elas mais gostam, dentro a casa tem um quadro e as letras do alfabeto de e.v.a., também tem muita parede para eles mesmos poderem decorar.

Professor em Brasília, poética da realidade.


Brasília, um céu bonito. 
Professores em assembleia em frente ao Palácio do Buriti. Gramado ocupado. Spray de pimenta. Gabinete da Câmara ocupado também, professores em greve de fome?! Ué! 
O céu continua bonito: um caos no asfalto, no gramado... E na educação. 
Professores em busca de água, vinagre e respeito à carreira.

Sarah Magalhães


Status do DF: trânsito e educação parados.