sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Poema-diário

Querido poema,
hoje foi um daqueles dias ás avessas.

Até já era de se esperar,
dada toda essa calmaria da minha vida.

Mas é curioso como quando algo começa a dar errado...
Parece efeito dominó.

Também não estou escrevendo um poema vitimista,
não quero despertar em você pena ou dó.

Inclusive, hoje, ninguém vomitou em mim!
Este é um fato importante, dado o meu último dia ruim*.

Enfim...

Querido poema,
hoje acordei atrasada
para a aula das 8 horas.

O meu percurso seria
de casa à universidade.

Perdi o horário do ônibus.
Perdi a carona até o metrô.
Perdi minha caneta preferida
e também meu carregador.

Perdi quase a esperança de um dia bonito.

Ah! Perdi também a impressão do trabalho que teria que entregar...

Tudo perdido.

Quase tudo perdido.

O dia foi ruim, de qualquer forma.

Todos os meus compromissos
realizei meio tortos,
quase pela metade...

E consegui chegar ao final do dia:
metade de mim cansada e a outa metade vazia.

Mas alguns versos surgiram já quando o dia se apagou,
acompanhados de um café, um capuccino e algumas risadas.

Não há nada melhor do que um dia ruim que se acaba
bem.

Sarah Magalhães

*Nota: ver poema Era uma vez, no 110.

Café e Capuccino.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Primavera

É primavera no meu coração
que perfumado chora
pétalas de flor.

É primavera no meu coração
que apertado decora
todo o seu interior.

É uma primavera fria,
as flores são todas
azuis e lilás.

É primavera, muito embora eu chova tanto despetalar.

É primavera, ouvi no jornal.
E a previsão de hoje é um forte temporal.

Mas meu coração é forte,
ele é abrigo e me aguenta.

Sarah Magalhães


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Frágil

Ontem, domingo (28), tive o prazer de assistir à última apresentação desta temporada de espetáculos do grupo Frágil. A peça Frágil, esteve em cartaz no Teatro H2O, no Recanto das Emas, entre os dias 23 e 28 de agosto e, com o apoio da Funarte -que incentiva a ocupação dos teatros do Distrito Federal- pode acolher gratuitamente um público amplo e que muitas vezes teve ali o seu primeiro contato com o teatro.

O espetáculo conta com a direção de Cléber Lopes, dramaturgia de Jonathan Andrade e o brilhante elenco composto por: Gizele Ziviank, Magno Telles, Maria Eugênia Félix e Ricardo César.

A peça aguça, alfineta, inquieta, acolhe e desconcerta intimamente o público, que sente sussurrar em si o mais forte e mais frágil que há na própria existência. Retratando cenas mais do que presentes nas nossas vidas, o grupo mescla de tamanha forma a ficção e a realidade que o público flutua entre o real e o espetacular. As fragilidades das personagens refletem muitas histórias que carregamos conosco e que nos fazem enxergar a força que elas impulsionam em nós.

Quantos sentimentos não são despertados neste espetáculo entre todos os elementos (simples, certeiros e acolhedores) de figurino, cenário, atuação, interação, iluminação, som, direção, texto... A magia acontece no teatro meus caros, e cada lágrima e gargalhada despertadas em nós são efeito de um grande e forte trabalho do grupo Frágil.

A arte tem esse poder de inquietar, incomodar, doer... E também de afagar, consolar, dar colo. A arte pode gritar silenciosamente, ela tem o poder de dar voz e o poder da arte não pode ser abafado. Os nossos teatros precisam ser palco, precisam de vida, precisam ser ocupados! E foi um prazer ver tão vivo e pulsante um "pequeno teatro" em uma "pequena cidade", enquanto o nosso monumental Teatro Nacional, no coração de Brasília, está fechado para a arte e para nós.

Então, fica a dica, conheçam o grupo Frágil (esta é a página deles no facebook: Frágil) e acompanhem as diversas formas de arte onde você mora, ocupem os espaços culturais que puderem, divulguem os espetáculos que conhecerem e embriaguem-se de arte e de amor! <3 

Abaixo algumas fotos do espetáculo: 
(Créditos das imagens: Luis Alves)

Em cena Gisele Ziviank.
Em cena Magno Telles.
Em cena Maria Eugênia Félix.
Em cena Ricardo César.

Beijocas, Sarinha.


Personas autorais

"Personas autorais" é o título do livro lançado, na última sexta-feira (26), no encerramento do "III Seminário Nacional de Literatura e Cultura - O Grão e o Fruto: Morte e Vestígios do Autor" que aconteceu entre os dias 24 e 26  de agosto na Universidade de Brasília.
O livro é dividido em duas partes, a primeira "Prosarias" conta com ensaios sobre a questão da autoria, produzidos pelo grupo de pesquisa "Literatura e Cultura" do PósLit-UnB. A segunda parte é composta maravilhosamente por poemas que remetem também às questões da autoria, porém da maneira singular característica da poesia e leva o nome de "Teoremas".

Prosarias e Teoremas são neologismos referentes aos termos "prosa e teoria" e "teoria e poemas"... E com certeza valem a leitura! <3 

Quero deixar o convite para que conheçam o livro, que está um amor! E quero agradecer imensamente ao Professor Vianney, que me presenteou com o meu! Muito obrigada, com certeza essas leituras serão de grande enriquecimento no meu caminho poético e acadêmico! <3
E também como agradecimento, fiz a ilustração abaixo:
Rascunhando!

Eu e o professor João Vianney durante o evento.

Livro e dedicatória que ganhei e amei!

Aline, eu e Maxçuny durante o evento.
Beijocas, Sarinha.

sábado, 13 de agosto de 2016

Bela flor cacheada

Havia um certo caminho,
que com certeza era o caminho certo...

Porque sabe, ele era assim, iluminado
pelo sorriso mais radiante que já se conheceu...

Era um caminho perfumado,
de um aroma de amor,
uma essência apaixonante
que hipnotizava seu coração.

Era também, um caminho infinito,
como o olhar mais profundo,
como o olhar de oceano em fim de tarde
que só ela, nesse caminho, sabe olhar.

E o caminho também se coloria
com o riso frouxo que saia ao ouvir a bela voz
da moça de cachos de lado,
de semblante leve e descompromissado...

A menina flor, perfumada de amor,
caminha livre este caminho que colore ainda mais.

Ela tem pálpebras abençoadas,
que a permitem sonhar os mais lindos bailes sob o luar,
canções que flutuam entre as nuvens e silêncios
que chuviscam como pequenas estrelinhas sobre si.

Pois pense você, como não floresce um caminho
que é regado por estrelas e cuidado com tanto carinho.

Mas é que tem um segredo...

Que é o segredo maior,
é esse tal sentimento
que serve de alimento
a quem caminha juntinho assim...

O amor.

Que une essas mãos apaixonadas,
que seguem certamente juntas sua nova jornada.

Feliz aniversário, Gilha Crispim.





segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Resultado do sorteio!

O resultado do sorteio de 4 anos do blog! <3 Desculpem a demora e obrigada por participarem das páginas deste caderninho lindo! #4anosCadernoDescolorido


Abaixo o registro da entrega do prêmio a Andressa, em 8 de agosto de 2016 <3 
Obrigada a todos pela participação, vocês fazem parte deste caderninho! <3 


quinta-feira, 23 de junho de 2016

Sou nuvem

água suja
poluída
com cheiro de hipocrisia
contamina
caminhos floridos
e perfumados
sempre regados
com amor
respeito
e compaixão

flores outrora sorridentes
hoje murcham
por tanta gente
que passa pelo jardim
jogando lixo
por ter um pensamento mesquinho
ou por talvez
sequer pensar.

noutra vida fui flor
uma flor lilás e contente
uma flor que assistiu
a casais passeando
passarinhos voando
assisti a vida passar
e a um senhor jogar
uma lata vazia sobre mim...

lembro do brilho que me cegava
e do peso da lata
que pr'outra vida
me carregava.

Hoje sou nuvem.

Vejo de cima, tudo de novo acontecer,
sem ninguém se importar ou perceber.

Sarah Magalhães

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Era uma vez, no 110

Era uma vez, um dia comum:
Um dia de aula no qual arrumei meu cabelo e amei,
vesti uma roupa confortável, tomei meu café e fui a universidade.

O plano era o seguinte: assistir a uma palestra,
voltar para a aula de espanhol, ir para a a aula da noite
e então voltar para casa.

Esse era o plano.

Mas, no meio do caminho...
Mais precisamente dentro do 110,
frente a última parada na L2 antes da rodoviária...
Tudo desandou.

Vou contextualizar, espere.


Eu assisti à palestra que queria,
peguei o ônibus para a rodoviária,
a fim de ir para a aula de espanhol...

O ônibus estava mais apertado que o de costume, mas vamos lá.
Eu fiquei em pé ali naquele espaço que existe para um cadeirante...
Porque pensei que, como estava lotado, ao menos sentiria um vento no rosto.
Ao meu lado, colado a janela havia um rapaz.
Na cadeira que desdobra havia uma senhora sentada jogando candy crush.

O rapaz era magro, ruivo, barbudo.
Carregava uma mochila no ombro, skate entre os pés e um livro em mãos.
Ele lia, em meio ao ônibus entupido e encalorado.

A senhora ali estava, sentada, jogando no celular.
Havia muita (mas muita mesmo) gente em pé ao seu redor,
com mochilas pesadas e ombros cansados...
E nada dela oferecer para levar.
Mas tudo bem, às vezes ela não conhecia as normas de conduta do 110.
(É que é um gesto quase automático oferecer para levar a mochila do coleguinha que está em pé)

Ok.
Guarde essas duas personagens.

Eu estava bem, com uma expectativa de chegar a tempo para a minha aula
e ainda animada para voltar a noite a universidade.
Eis que ouço uma tosse.
Assustada, dou um passo a frente -pequeno, dado o espaço que não existia...

Outra tosse.

Tudo desandou.

Uma menina atrás de mim vomitou.

Sim, em mim.

Aí foram flashes:
Virei.
A menina estava viva
e de pé.
Pálida, mas de pé.
Cederam o lugar à coitada.

Abri minha bolsa:
um porta lenços!
Dei metade a menina.
A senhora sentada gritou
"Ai meu Deus! Me dá um!
Caiu no meu pé! Ai socorro, me da um lenço!"
(sem dramatizações, foi isso mesmo)

Eu dei.

Sobraram três.


três
lenços.

As vozes olhavam, piavam:
Nossa, ela vomitou em você.
Eca, caiu no seu cabelo!
Você viu que sujou sua blusa?
...

Todos os olhares me enojavam.

Lembrei do menino, que lia.
Pensei "que vergonha meu Deus"
não vou falar com ele.
Mas sabe... Eu não conseguia enxergar a sujeira.
Tava feia a coisa naquele ônibus.

Perguntei educadamente se ele poderia
passar o lenço nas minhas costas...

O pior: ele disse "é claro!"
Todo o meu sentimento era de gratidão.

Ok. Ainda estou no ônibus.
O que é curioso, porque já estava tão perto da rodoviária.

"Você tem outra blusa?"
Eita poxa. Eita poxa. Eita poxa.
Eu não tinha não. Nem outra blusa nem muita sorte.

Mas tinha esse menino gentil.
Que conversou comigo como se eu cheirasse a rosas.
Que me acompanhou até o banheiro e me emprestou um casaco.

Lembro que quando peguei esse ônibus dei "Boa tarde" ao motorista e ao cobrador.
O cobrador ficou extremamente feliz, porque, dizendo ele as pessoas ali não tinham educação...

Depois, fiquei extremamente feliz por não ser a única lá dentro com um bom coração.

Às vezes as coisas desandam...
Mas viram história.

Obrigada pela gentileza Erick,
Sarah Magalhães

segunda-feira, 20 de junho de 2016

4 anos de blog!

Olá migos! Este ano o Caderno Descolorido comemora QUATRO ANOS DE VIDA! Isso mesmo, eu também achei muito quando percebi.

Então, para celebrar essa data com muito amor e poesia... Farei um sorteio para vocês que acompanham este pequeno blog! <3



O PRESENTE será um "combo poético" contendo:
CADERNO - Para suas anotações, rabiscos, poemas e divagações.
CANETA - Para colorir o seu caderninho!
CANECA - Para o chá quentinho, ou o café perfumado de amor.
ÍMÃS - Para poetizar sua casa.
MARCADORES DE PÁGINA - Para marcar as páginas da sua vida com poesias (HAHAHA)
BRINCOS E COROA DE FLORES - Para te fazer florir! <3

Para PARTICIPAR é preciso:
*Seguir a página Caderno Descolorido no facebook e comentar a foto do sorteio marcando dois migos! <3 (link: https://www.facebook.com/cadernodescolorido)
OU
*Seguir o perfil @cadernodescolorido no instagram e comentar a foto do sorteio marcando dois migos! (link: https://www.instagram.com/cadernodescolorido/)

Para ter MAIS CHANCES de ganhar você pode:
*Comentar mais e mais vezes.
* Compartilhar ou publicar alguma poesia do Caderno Descolorido (em modo público, com a hashtag #4anoscadernodescolorido).

Sobre o SORTEIO:
*Você pode se inscrever até a meia-noite do dia 30 de julho de 2016;
*O resultado será divulgado no dia 31 de julho, à tarde.
*Sorteio válido para todo o Brasil.

Então migos, esse é o presente de aniversário do Caderno Descolorido! Estou muito feliz por ele estar cada vez mais colorido e por vocês me acompanharem a tanto tempo! Obrigada amores!

Beijocas, Sarinha


terça-feira, 7 de junho de 2016

Mundo

Afinal, este é um caderno de poesias.
É um caderno de sentimentos meus.
Talvez do mundo,
mas com certeza meus.

Hoje minha mente está nublada,
vejo a história ciclicamente se repetindo.
Eu vejo enevoada minha vida
assim também.

E segue, seguimos, em círculos.

Acho que estou tonta.

Sarah Magalhães

terça-feira, 31 de maio de 2016

Amiga

                              Para Lêka

Tem amizade que parece

Pingo de luz
no meio de um pesadelo.

Brisa da tarde
que rearruma o cabelo.

Riso sem razão
que remete a mil histórias.

Tem amizade que parece sonho,
tamanha doçura que carrega em si.

Mas é só amizade mesmo,
amizade, de verdade.

Sarah Magalhães

domingo, 15 de maio de 2016

Poesia de uma raiva

Estou aqui.
Sem saber se deveria.
Nervosa por ter vindo e não te encontrar.

Entro numa livraria,
folheio alguns livros para desestressar.

"Posso ajudar em algo?"

Era você com um sorriso no rosto
e a mão na minha cintura.

Sarah Magalhães

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Poesia para salvar o dia

Eu sei
que tem dia que
tudo vai
de mal
a pior.

Sem pena,
sem dó.

Mas sei também
que no meio
do caminho
tem...

Algo que surge sem motivo,
com o perfume de uma rosa
e a graça de um sorriso de neném.

Isso aí é nosso super-herói invisível,
que leva o nome que você quiser:
de amor, de amora,
de doce de leite,
de conversa sem hora,
de cafuné.

A arte salva nosso dia, sim.
O amor, também.

Mas precisamos abrir os olhos
para enxergar o que não vemos
nesses dias ruins.

Sarah Magalhães

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Sorriso bom

Sorrisos agradam, iluminam,
tocam a gente.

Sorrisos de criança carregam uma energia
que brilha, na intensidade de um diamante ao sol.

Sorrisos de vó são sábios e aconchegantes,
assim, convidativos a um chá com pão de queijo.

Sorrisos de mãe são de orgulho,
de alegria e de cumplicidade.

Cada sorriso chega de um jeito.

O meu é assim meio sem jeito,
mas imenso de amor e de uma doce intenção
de fazer você sorrir com o coração.

Sarah Magalhães

Balões namoradeiros, sorrindo o dia inteiro.



terça-feira, 3 de maio de 2016

Amoras flutuantes

São assim, amores de pessoa,
flutuantes porque seguem leve,
mas não sem rumo.

Nunca seguem em vão.
Por cada caminho por onde passam
deixam um perfume, uma fragrância,
um quê de elegância...
Que são de uma graça
indescritível e inigualável.

Amoras quase (tri)gêmeas,
tamanha a simetria de pensamento e personalidade.

Seus olhares falam no silêncio
e um sutil movimento
traduz quase mil pensamentos.

Elas se entendem bem e prezam
pela ordem das coisas e pela qualidade.

Na universidade, uma apresentação mal feita?
Não existe essa possibilidade.

Existe um olhar seletivo de excelência
que beira a arrogância...
Mas não chega lá.
Está mais para uma auto-consciência
do quão produtivas podem ser.
E não aceitam menos que isso.

E, ao meu ver estão certas,
não vejo problemas nisso.

Amoras,
lindas, finas e elegantes.
Transpassam talvez um ar de superioridade,
às vezes, de distância da realidade.

Mas são levemente fortes, determinadas e carinhosas,
um carinho de gentileza, de preocupação.
Elas flutuam como estrelas na noite,
deixando um rastro perfumado de amora por onde vão.

Sarah Magalhães

Imagem retirada da internet.