quinta-feira, 27 de junho de 2013

Trauma musical

Um dia cantei
palavras que detestava
e odiei compositores
que minha professora de canto adorava...

Um dia saí do coral,
pude então sorrir e ser livre
para ouvir o que quiser
ou admirar um silêncio qualquer.

Pude então me encantar
com os sons e vozes brasileiras,
acompanhadas de bandolins e brincadeiras.

Eu aprendi que os compositores
que um dia detestei...
Na verdade não são culpados da minha frustração,
o detalhe é que sou feita para ouvi-los com a alma e coração.

Sem cantar...
A não ser no chuveiro.

Sem me descabelar,
por ter aula de coral o ano inteiro.

Um dos meus grandes traumas musicais,
entre arranjos perturbantes de Tim Maia,
jangadas viajantes de Caymmi e tantos outros mais
é o inquietante Fome Come...

Mas toda palavra cantada,
tem seu brilho, sua graça...

Depois de uma época em que o verbo "cantar" me deixava apavorada,
aprendi que ouvir as músicas sob a sombra de uma árvore,
lendo um bom livro, sem precisar fazer aquecimento vocal...
Beliscando algum aperitivo, sonhando com um tempo amigo,
pode fazer qualquer música ficar mais legal.

As melodias deixam de ser o barulho do passado,
para tornarem-se lembrança de algum momento engraçado.

(Sarah Magalhães)

Quero saber quem conhece essa aqui! 

terça-feira, 25 de junho de 2013

Manifestando-me

Mil e poucos anos atrás contei que a poesia "Amoresia" foi classificada em um concurso literário para a publicação em uma antologia poética... A verdade é que o livro já chegou aqui em casa tem um tempinho, mas agora vou contar como se fosse novidade! rsrsrs

Amoresia está na página 294 da Antologia Poética - Prêmio Poesia Livre 2013, publicada pela editora Vivara. O livro é uma colcha de retalhos de vó sabe!? Retalhos de poetas de cada canto do Brasil reunidos em uma obra só, uma história nova a cada página, um jeito novo de ler a cada verso. Achei um charme só! <3
Você pode ler a poesia clicando AQUI (:

Quando a caixa do correio chegou com os livros, abri um pouco ansiosa, um pouco cansada de esperar, um pouco com medo da capa ser feia, um pouco querendo rasgar o embrulho como criança... Abri a caixa um pouco e dei um sorriso! Os livros gracinhas vermelhos e cheirosos (sim, cheirei os livros, é claro!) estavam enfim nas minhas mãos. Eu era uma menina cheia de bonecas de pano no colo... haha
Uma poesia sob um olhar poético e observador da vida:

Manifestando-me

Depois de uns dias de descanso,
do corpo e da alma.
Sem tempo para digitar o que rabisco no papel,
demorei mas voltei.
E voltei vendo tanta coisa mudar,
gente saindo para manifestar...

A televisão,
outrora formadora de opinião,
precisando se adaptar
ao que os jovens agora
resolveram gritar...

A internet.
por alguns ainda menosprezada,
ganhou tamanha força e poder
que nem por mim
nem por você
poderá
ser
ignorada.

Manifestação.

Mas, manifestação?

Mais manifestação.

Manifestação
artística
social
política
cultural
sentimental
e o escambau

É preciso mais manifestações!
De preferência diárias!

Manifestemos
os sonhos
as opiniões
manifestemos
nossos corações
revoltados ou
por que não,
apaixonados?

Falta mesmo essa onda de manifestação na vida.
Falta um pouco de consciência
para gritar e ser ouvida.

Porque manifestação
não é só gritar.

Manifestação
é antes de falar
ter consciência
e conhecimento
para transmitir
o que quer
que se queira manifestar.

Manifestar é a força da expressão.

Manifestação pode ser desenhada
em um quebra-cabeça de palavras
chamado poesia.

Eu, querendo ser poeta,
manifestei sonhos,
flores e cores
nos últimos dias...

(Sarah Magalhães)

p.s.: A poesia acima não é Amoresia e não foi publicada no livrinho vermelho.rsrs


hehehe

sábado, 15 de junho de 2013

Yong



Você não sabe
o trabalho
que está me dando!

Tento traduzir em poesia
sua arte que vejo
quando pela rua
estou andando.

Tem um dragão deitado ao chão
no caminho que percorro
quando da aula estou a voltar.

Sempre passo ouvindo música
e vendo as cores transbordarem
da parede para o ar...

Meu caminho ganha
uma nuvem de fantasia.

E  continuo o percurso assim:
caminhando entre o chão e as nuvens,
com a arte transbordando
da parede e de mim.

(Sarah Magalhães)


sábado, 1 de junho de 2013

Sobre casamentos



Numa tentativa de ser
uma poesia sobre casos
e descasos de casamentos,
espalho as palavras
como as folhas se espalham
com o vento...

Quem foi que disse 
que todos os casais são iguais?
Sei lá, ninguém disse...
E nem são.

Tem aquele casal que planeja 
desde a infância, o casamento dos sonhos,
os votos, o véu, buquê de rosas e alianças.

Tem quem diga que nunca vai casar,
prefere ser livre para a vida aproveitar.
Aí dez anos depois a gente reencontra na rua
com aliança no dedo e o filho no colo...

Tem aquela amiga
que espera o príncipe encantado
e vive num mundo de princesas...

Tem a que quer estudar,
passar num concurso público,
ter estabilidade para não depender de ninguém
e só depois se preocupar
se vai casar com alguém.

Tem casamentos virtuosos
e outros tão tempestuosos...

Tem casamento na igreja,
com missa, coral e o escambau...
Para depois todos se embriagarem
com a cerveja e voltarem aos seus lares
dirigindo muito mal... "Que Deus proteja!"

Queria casar no jardim, 
de short jeans e camiseta branca, 
um buquê charmoso de tulipas
e no peito a esperança.

Na camiseta escreveria um "Eu te amo"
com uma cursiva bem bonita e delicada sobre o pano...

Isso parece até sonho de criança, não?

De todos os sonhos 
e todas as possibilidades de casamento,
o que menos importa é a cerimônia,
com o melhor buffet e decoração,
com o vestido mais caro da loja,
com o noivo mais bem sucedido,
com as fotos mais bonitas 
para exibir depois para os amigos...
Não, não e não!

Os passos até o altar,
devem ser os passos do dia a dia,
impulsionados por amor,
ternura, paciência, respeito,
companheirismo, carinho e alegria.

Se caminhar ao altar é tão importante,
que se repitam os passos a cada dia,
em casa, na rua, indo até a padaria, 
aonde for, sempre com sabedoria.

Com amor.

(Sarah Magalhães)

domingo, 26 de maio de 2013

Dura vida de professor

Torquato era professor da secretaria de educação,
e todos os dias no trabalho
ensinava aos alunos alguma grande lição.

Falava sobre os bons princípios,
traduzia a intraduzível química,
tinha horas que era amigo, professor, 
conselheiro, pai, irmão, coordenador, 
carrasco, educador, "quebra-galho", jogador,
psicólogo e se precisasse até porteiro ou cantor...

Foram tantas atribuições sobre um cara só
que num belo dia ensolarado,
depois da brilhante gota d'água,
aconteceu o pior!

O governo enviou um tablet 
para cada professor
ter uma ferramenta agilizadora
em seu trabalho,
para não precisar de tanto papel
e nem do antigo e físico diário...

Torquato já cheio de tanta informação,
quando viu aquele "trem" logo ficou doidão.

Deu um tiut no cérebro, 
apagando seu bom gosto musical.


Saiu da escola pelas ruas cantando
como se estivesse em carnaval...

"E agora eu fiquei doce igual caramelo,
Tô tirando onda de tablet amarelo.

E agora você diz: vem cá que eu te quero,
Quando eu passo com o tablet amarelo"

(Sarah Magalhães)






quarta-feira, 15 de maio de 2013

Vídeo-poesia "Caminho de Lorena"

Heeeey, tenho uma novidade! São algumas, na verdade... Mas vamos aos poucos.

Hoje me inscrevi no concurso cultural "Afinando a Língua", promovido pela TV Futura, que é basicamente o seguinte: autores precisam enviar vídeos lendo, recitando ou cantando suas produções em verso ou prosa, para concorrerem a um espacinho na programação. Os vídeos escolhidos pelo juri serão transmitidos no decorrer da programação do "Afinando a Língua" e os seus autores receberão um DVD do programa. Eeeee... o autor do vídeo mais visualizado do YouTube ganhará um tablet... (então assistam e compartilhem por favor)
A poesia que preparei para participar foi "Caminho de Lorena", espero que vocês gostem e me ajudem a alcançar o máximo de acessos possíveis!!! hehehe




Sobre o programa:
A nova temporada do programa vai homenagear a língua portuguesa, reunindo diferentes nomes da música e da literatura em encontros comandados por Tony Bellotto. Suas noites vão ficar muito mais afinadas com os ritmos diversificados e o bate papo entre escritores e músicos como Adriana Falcão,LeninePaulinho MoskaTeresa CristinaCidade NegraJosé Miguel Wisnik, Viviane Mosé, Thalita RebouçasForfunChacalToquinhoZélia Duncan e Mc Sapão, entre outros. Cada programa recebe uma dupla de convidados e, a partir destas Narrativas Cruzadas, surgem conversas animadas e descontraídas, seguidas por shows. Fonte: http://www.futura.org.br/, acesso em 15 de maio de 2013

Ah, depois eu apareço com outras novidades (que já estão velhas, de tanto que demoro para escrever...) k
Vou deixar a poesia para quem quiser ler também:

Caminho de Lorena

Quando Lorena era uma criança

ela era tão feliz.

Mas quando acaba a infância
a gente perde aquilo que se diz...


Que se diz...


Que se diz...


Que se diz...



Feliz.


A gente cresce querendo ser

melhor que papai e mamãe.


E querendo ter o melhor carro

um bom trabalho e um grande amor...


E ainda há amor? Me diz.



Porque se há,

ainda há chance
de ser feliz...
Como quando
era criança
brincando em volta
de um chafariz.


Mas agora

o que resta
é brincadeira de balanço
é saber balancear a vida dura,
a rotina do lar,
com a alegria
que no peito quer
um espaço para morar.


Menina que brincava de boneca

dando giros e piruetas,
logo virou moça querendo largar
das bobas brincadeiras...


Cresceu, sonhou, 

namorou, casou!


Depois de um tempo se divorciou

e levou consigo a lembrança da infância,
uma boneca de pano costurada com relutância
e o sentimento de ter vivido muito pouco
para uma pequena menina...


Comprou então uma passagem de avião,

aproveitou as férias de verão para acabar com a antiga rotina,
a ainda pequena menina pegou a coragem e voou para a China.



E Lorena viaja por aí

vivendo novas infâncias
para nunca deixar
de ser feliz.



(Sarah Magalhães)

domingo, 28 de abril de 2013

Cabe em uma fotografia

Eu só queria
uma bola de sorvete
de abacaxi,
com calda de chocolate,
castanhas, duas cerejas
e você aqui...

Queria ter o pôr-do-sol para sempre,
um pano xadrez para sentar,
ficar assim de bobeira,
deixando o tempo
p a s s a r . . .

Seu jeito simples
de me fazer sorrir,
com caretas e olhares sérios
seguidos de beijinho...

Sei lá, podia ter um marshmallow também...

Tudo isso tão leve e bonito,
cabe em uma fotografia.

Caberia,
mas é uma pena
que eu esteja
aprendendo crochê
com a minha tia.


(Sarah Magalhães)




sábado, 27 de abril de 2013

Olhar fundo

Quase sem querer
olhei tão fundo nos teus olhos
que me perdi por dois segundos.

Pisquei rápido,
desviei o olhar...
Então voltei ao mundo.

Mas desdaí que meu mundo está diferente,
como se todos os dias eu buscasse
um instante e um olhar para me afogar.

Para me afogar por dois eternos segundos,
suficientes para lembrar que preciso seguir em frente,
que preciso respirar...

Aiai, quando me lembro
sou só suspiros de saudade.

(Sarah Magalhães)

domingo, 21 de abril de 2013

Poesia em forma de Brasília

Curvilínea e encantadora,
possui a cor do azul mais intenso,
capaz de alcançar a alma
e clarear nosso coração.

Seus pontos
monumentais
sem dúvida
são sensacionais.

Dizem que é cidade
e que é museu em céu aberto.

Concordo.

Essa cidade tão nova
tem a missão
e uma prontidão
de libertar
dos preconceitos
e desrespeitos
todos aqueles
que circundam
a mente com concreto.

Mostrando
que nem sempre
seu egoísta pensamento
é o mais certo...

As cores brasilienses
estão por aí para mostrar
que viver só de terno e gravata
num escritório com ar condicionado
não significa trabalhar.

Trabalhar
seja aqui ou na cidade que for
necessita dedicação,
tempo e mente livres
para respirar bons ares.

E não estou falando de bares...

Mas dos nossos parques,
cantos e encantos,
pontes, lago e pôr-do-sol,
torre com vista para o horizonte,
fontes de lavar a alma,
praças para deixar
o tempo passar..

Lugares
para se respirar
novos ares.

Brasília tem
nas entrelinhas
sorrisos desenhados.
E nas ruas, brasilienses
que sequer olham para os lados...

Vou sair à procura de sorrisos.

(Sarah Magalhães)


sábado, 13 de abril de 2013

Solidariedade karateca

      Além de escrever poesias e fazer rabiscos, eu também luto, estou na faixa laranja do estilo Uechi-Ryu de Karate de contato e amo muito muito muito essa arte marcial! 
      Mas e daí?
     Nesse sábado de manhã fui doar sangue na Fundação Hemocentro de Brasília, por uma iniciativa que surgiu no tatame, quando o Bruno Portella deu a ideia de reunirmos os karatecas por uma causa social, que não custa nada e é um ato de amor e solidariedade ao próximo...
     A ideia começou pequena, mas aos poucos podemos conseguir mais e mais doadores e em próximas oportunidades reunir um grupo maior de karatecas representando a filosofia de vida da Uechi-Ryu! (:
       Foi a primeira vez que doei sangue e o meu conselho é: doe também <3 Quanto ao medo de agulha ou da dor ou não gostar de ver sangue... Tenho todas as respostas! Rsrs...
     Primeiro, não precisa ter medo da agulha, você precisa verificar se ela é descartável e está lacrada (sempre está); Depois, um elástico é amarrado no seu braço e na hora incomoda por estar apertando, mas essa é a sacada, fiquei tão concentrada nisso que nem senti dor com a injeção; E finalmente, se não gosta de ver sangue, feche os olhos durante o processo! Simples assim. Rsrs
      Saiba quais são as condições para doação de sangue clicando AQUI! 


Bruno, Camila, Letícia, Elaine e eu na Fundação Hemocentro de Brasília



































Solidariedade

Despertando sem medo de agulha
nem preguiça para de sair de casa.

Um elástico apertando o braço
vai distraindo a mente 
da vinda dor da agulhada...

Que nada, nem dói! 

O sangue passa pelo cordão 
que enche a bolsa 
de um vermelho amor
chamado doação.

Passa o tempo pelo ar...

Passam caretas pelas faces amedrontadas...
Passa a solidariedade pelas cadeiras acolchoadas...

Passam bons sentimentos pelos corações de quem doa...

Passe um dia em sua cidade num ponto de doação,
para doar a chance da vida e alimentar o seu coração.


Doar sangue é um ato de amor.

(Sarah Magalhães)



Com carinho, Sarinha.

domingo, 24 de março de 2013

Menino criador

Com lápis e papel na mão
podia criar seu próprio mundo...

Riscava com cuidado cada traço
para desenhar um universo
pleno, calmo e seguro.

Pintou um pôr-do-sol bonito,
sombras para descansar,
pé de amora carregadinho
e uma vovozinha preparando chá...

Pintou cada detalhe
com a maior delicadeza
e desejou que cada rabisco
fosse um futuro cheio de beleza...

A vida pode ser tão bela!

Passou um vendaval forte e inesperado,
carregando todos os sonhos
que na folha havia desenhado...

Desespero, angústia, aflição...

Calma, a folha logo vai parar no chão!

Calmamente,
a folha caiu
numa imunda
poça d'água de esgoto
e os singelos sonhos
a pouco desenhados...

Foram ensopados.
Ninguém viu.

"Chato isso."
pensou o menino antes de sair.

Reapareceu com caneta permanente,
um bloco de papel, pesos para as folhas
e milhares de sonhos ainda em mente.

Sentou-se e voltou a criar seu mundo.
Dessa vez com mais determinação.

(Sarah Magalhães)

quarta-feira, 20 de março de 2013

Onda de nostalgia

No meio da tarde
estou em casa de bobeira.
Ligo a televisão
aproveitando para tirar a poeira.

Sessão da tarde...
Que bobagem!

Espera! O que é que está passando?

A nova onda do imperador.

Uma onda de nostalgia me bate,
fazendo-me cair no sofá
para assistir ao desenho
com amor.

Besteiras de saudade
de quando quase
não se tem idade.

A vida precisa sempre
de uma nova onda de animação.

(Sarah Magalhães)

quarta-feira, 13 de março de 2013

Simples paixão

Cada sorriso seu
ao longe...
Quase não posso enxergar.

Mas ao ritmo
de uma bossa nova
espero você voltar.

Cê vem de mansinho
e chega com uma flor na mão.

E nesse simples gesto
toca o meu coração.

(Sarah Magalhães)