quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Marília brilhante

Professoras sentadas a mesa,
todas entretidas a conversar.

Marília com seus alguns aninhos
empenhava-se como uma Tarsila ao desenhar...
Mas ela precisava de mais material,
uns lápis de cor não cairiam mal...

Mamãe, preciso de lápis colololido pa terminar!
Mamãe, eu preciso!

A mamãe estava entretida junto as outras professoras a conversar.
Mas a tia Mari tentava ajudar...

Precisa de que meu bem?
Dos lápis colololidos!

Onde eu vou arrumar isso minha flor,
usa essa caneta aqui!

Não, aquela tia que tava aí do seu lado tem!

Que tia?!
Aquela que tava aí com você!

Como ela é?!
Aquela tia dos cabelos brilhantes!

Pequeninas mentes brilhantes
enxergam em fios sem cor
um brilho cativante e encantador.

Tomara que eu possa crescer com a mente
tão brilhante quanto o meu cabelo vai ser.

(Sarah Magalhães)

domingo, 15 de dezembro de 2013

Simplicidade

Um dia minha mãe volta do trabalho contando que indicou uma poesia minha para não sei quem... Tudo bem. Termino de lavar a louça. Ela me conta que o marido de uma amiga leu meu blog e gostou muito e mandou um livro lindo para mim e que ele disse que sou uma escritora e que tenho que conhecer o mundo e eu fiquei tão feliz! O tal livro é "O flâneur, de Edmund White" Um passeio pelos paradoxos de Paris.

Essa historinha toda e o primeiro capítulo do livro me inspiraram a escrever a poesia "Simplicidade", que fala não só de Paris, mas do deslumbre que pode haver em qualquer cidade do mundo. Muito obrigada Sérgio pelo presente! Amei! E feliz aniversário Alê, cê é daora! <3 hahaha E mami, amo muito você, obrigada por inspirar minha vida. 
Agora, a poesia...


Simplicidade

Paris, o escritor e a cidade.
País, o amor e a felicidade.
Paz, o leitor e a simplicidade.

Simples cidades encantam os visitantes
e os transformam, bastam alguns passos.
Proporcionam uma explosão de fotografias sensoriais:
cafés, chalés, monumentos, momentos, esgotos, catacumbas,
livrarias, chapelarias, sorrisos, pássaros.

Um caminho.
Um voo.
Um observador.
Um poeta.
Um amor?

A grande cidade é aquela que colorimos
em nossos corações, em nossos versos
ou sonhos...
A mais bela cidade é aquela que habita em nós,
não a que habitamos.

A simples cidade que é a alma de um poeta,
abriga todos os que, com um sorriso ou uma flor,
queiram passar uma temporada por ela.

Um flâneur em Paris.
Um poeta peregrinando
esquinas de cafés e versos
da cidade abstrata de seu coração.

Em toda cidade cabe um charme, uma perfeição,
um flâneur ou um poeta para desenhá-la com precisão.

Precisamos observar a simplicidade
que cabe em nossos corações.

Como um flâneur em Paris.

(Sarah Magalhães)

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O beijo silencia

Se eu te escrever um livro,
promete levá-lo contigo?

Se eu te declamar meu amor,
promete ouvi-lo como se ouve
o mais virtuoso cantor?

Se eu não parar de falar,
promete me beijar a boca
para me c a l a r ?

(Sarah Magalhães)


                   

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Caminho de sempre

No caminho para o estágio,
a casa da vó, o colégio ou o trabalho,
mesmo nessa dura rotina
com o ônibus chacoalhando
para baixo e para cima...

É quando devemos prestar mais atenção
ao brilho do sol e às cores da vida,
pois podemos encontrar uma velha paixão
em qualquer parada da avenida.

Os caminhos feitos sempre por a gente sem pensar
podem em uma bela surpresa se transformar...

Na cadeira ao seu lado, ensolarada e esquecida,
logo pode se sentar o grande amor da sua vida.

(Sarah Magalhães)

sábado, 7 de dezembro de 2013

Dona Sarah, Conselheira Amorosa

Meu amigo fica querendo conselho amoroso,
mas sou a pior conselheira que conheço.

Eu poderia indicar a ele uma cartomante
para levar a mulher amada em três dias.

Ou sugerir umas cantadas infalíveis
para conquistar o amor da vida dele.

Eu poderia emprestar umas poesias, indicar uma floricultura
e escrever a receita de um suflê de rapadura
para ele conquistar a mulher que tanto diz amar.

Se ele tivesse paciência para ler,
eu daria de presente um daqueles livros
ditos de auto-ajuda que ensinam
como relacionamentos ideais devem ser.

Caixas de bombons podem engordar.
Presentes podem se desgastar.
As flores murcham.
Os poemas largados na gaveta.
As cantadas funcionam tanto
quanto cantar dando pirueta.
Livro de auto-ajuda, se servisse para ajudar
não sairia todo dia mais um título a se lançar...
Um só resolveria.

Acho que de todas as opções,
o melhor que pude pensar foi a tal cartomante,
tem até referências...
Acho que vou anotar nome e telefone
num bloquinho e deixar na estante,
para quando ele vier me visitar.

Eu sou a pior conselheira que ele poderia conhecer,
mas amiga se esforça, não importa o "para que".
Só queria compartilhar isso,
obrigada por ler.

(Sarah Magalhães)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Caminho molhado

Entre as poças d'água
na rua toda molhada
vejo pegadas meio tortas
e atrapalhadas.

Parecem de crianças
brincando na chuva
sem a mãe ver.

Parecem, mas são apenas
um pouquinho do caminho
percorrido ontem por eu e você.

Entre as poças espelhadas
enxergo-me ao caminhar
e me lembro dos seus braços
tão firmes, salvando-me
quando entre as poças d'água
me deixei tropeçar.

Eu sorrio sozinha
e continuo a caminhar.

Mas dessa vez vou mais atenta,
lembrando que se tropeçar
estou sozinha
e vou me estabacar no chão
como uma jumenta.

Essas pegadas entre as minhas
podem ser de alguma criancinha...

Podem guardar alguma história
que a próxima chuva levará...

(Sarah Magalhães)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Caduquice

Se eu cruzasse com você pelo caminho,
lá pelos meus sessenta e quatro...
Com certeza eu me apaixonaria
sem pestanejar.

Seus olhar seria o mesmo
e sua barba já grisalha
iria me encantar.

Se eu te encontrasse
lá pelos meus sessenta e quatro
em uma cafeteria...
Com certeza sentiria
sua alma junto a minha.

E se a gente não se reconhecesse?
Em um instante nos apaixonaríamos
e à moda antiga começaria um romance
por um bilhete de guardanapo,
ou com você me ajudando a limpar
o café que deixei derramar.

Quando distraída eu olhava seu anel
de mais de quatrocentos anos,
ainda brilhando e falando-me
que ainda somos muitos novos
e temos a vida pela frente para sorrir,
cantar, dançar, correr, jogar damas,
falar francês, se aventurar e enlouquecer
e envelhecer e amar.

Lá pelos meus sessenta e quatro
pode ser que eu esteja caducando.
Lá pelos seus sessenta e quatro
pode ser que você esteja tocando.

La pelos sessenta e quatro...
Ainda estaremos nos amando.

(Sarah Magalhães)





terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Rascunho de amores

Há amores que me encantam tanto,
perfumam-me com sorrisos
e colorem meu caminho com canções.

Alguns não sabem o que é poesia.
Mas faço deles os meus mais belos versos.

Entre as conversas bobas
e as caminhadas sob o sol de fim de tarde,
cabem meus pensamentos voantes,
que além de me deixarem
mais nas nuvens,
fazem-me mais real...

Um beijo faz-me botar de volta os pés no chão.

Meu caminho é todo florido,
por amores que cativam-me com magia.

Nem sabem eles dessa magia
que calma abastece minha caixa de poesias.

(Sarah Magalhães)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Quem não vai sentir saudades?

Uma poesia feita com muito carinho, para falar um pouco dessa louca fase que é o ensino médio:


Saudades das bagunças, 
de ir de pijama para o colégio,
de fazer piquenique embaixo da árvore.

Quem vai se esquecer,
de se vestir por um dia de escola
na personagem que sempre quis ser?

A gente vai lembrar para sempre de coisas bobas,
mas ao mesmo tempo tão importantes e especiais.

Quem vai querer voltar no tempo
para refazer provas e trabalhos, 
workshops, seminários,
atividades na plataforma,
montar um circuito elétrico e
resolver equações binomiais?

Quem vai querer
refazer uma semana de arte,
dar o sangue em uma gincana que exige superação,
falar da função medicamentosa de funções orgânicas em uma apresentação?

Quem vai querer, outra vez,
fantasiar-se para fazer um clipe,
descabelar-se por alguma recuperação (ou algumas)
e dar até chilique!?

Quem vai querer voltar no tempo 
para aprender o que é um trabalho "inter"?

Fazer simulados, escrever redações.
Sofrer, assistindo algumas aulas dos plantões.

Fazer gráficos, calcular probabilidades,
ouvir histórias, chorar de vontade de sair da escola
(e para isso, usar de artifícios indevidos na hora da prova),
jogar queimada na educação física, 
quase levar um choque no trabalho de física...

Fazer da sala de aula, um novo país,
encarar o desafio de uma turma, ser uma Nação.
Transformar aquela pálida sala cheia de cadeiras
em um pedaço da Inglaterra, ou da Espanha,
ou num cantinho da Austrália, que dê para cozinhar.

Quem vai querer voltar no tempo para refazer tudo isso?
Nem sei. Nem a gente volta.

Mas cada momento desses, vira lembrança.
Cada sorriso, lágrima, arrepio, alívio...
Cada manhã de escola, vira lembrança.

E cada lembrança é uma fotografia
daquelas, que a gente guarda no coração.

Quem não vai sentir saudades desse terceirão?

Com carinho, Sarinha


domingo, 10 de novembro de 2013

Novembro

Sem versos e rimas e poemas,
mas peço, paciência, porque férias
até a poesia tem.

As páginas meio empoeiradas 
do Caderno Descolorido
estão até bem coloridinhas
com histórias engraçadinhas...

Folheie aí, até dezembro...

Dezembro chega logo,
com mais versos e rimas e poemas...

Não esqueça o Caderno num canto qualquer,
porque férias, até a poesia quer.


Rsrsrs...

Com carinho, Sarinha.

domingo, 20 de outubro de 2013

Vício em verso


Todo mundo tem um vício,

mesmo que não saiba.

Tenho vício por sorrisos
e os encaixo nos meus versos,
mesmo que não caiba.



(Sarah Magalhães)

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O beijo do palhaço

Estava ali assistindo ao espetáculo,
junto a alguns amigos do karate,
mas o sol me incomodava
e sob uma árvore fui me esconder...

Para que?

A palhacinha não me encontrou!?
E fui parar no picadeiro:
as crianças, vovozinhas, celulares 
e cachorros me olhavam o tempo inteiro.

Que vergonha, nem deu tempo de arrumar o cabelo...

Conversa pra cá,
conversa pra lá...
Eu um pouco agoniada...

Quando vou me despedir
surpreendo-me 
com uma palhaçada, estalada.

Ai, que vergonha. 

Voltei para a minha sombra
em meio a várias risadas
e com as bochechas coradas.

(Sarah Magalhães)


Poesia inspirada no espetáculo dos palhacinhos Aipim e Macaxeira, em uma apresentação de "Dia das Crianças" no Guará. Espero que tenham gostado dos versos tanto quanto gostei das palhaçadas. Se não tiver assistido ao vivo e quiser dar umas risadas... Eis o vídeo: 

Por quê?
 Macaxeira, eu e Aipim em uma praça guaraense.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Bamboleando

Bambolear é arte,
é um jeito da criança de brincar,
é molejo e jogo de cintura,
é fazer o mundo girar...

Bambolear é alegria, é cor, é vida
e inspiração para poesia.

Quando se trocam sorrisos espontâneos 
entre tios e sobrinhos, avôs e netinhos,
entre filhos e pais...

Usando a criatividade
ao cortar
mangueiras e mangueiras 
para bambolear.

Preenchendo com arroz ou feijão
o bambolê que é meio leve.

Parando na hora do almoço
para o arroz com feijão que a mamãe serve,
a gente sente o quanto vale a infância.

Com as crianças que vivem na gente,
aprendemos que às vezes
bambolês significam muito mais
que um cheque de dinheiro,
vídeo-games ou roupas de marca.
Bamboleando a gente lembra
que uma parte da gente ficou na infância
e que não precisa continuar lá...

Então, por que não, sairmos ao quintal para bambolear?

(Sarah Magalhães)





 




Fotografia: Evandro Júnior

domingo, 6 de outubro de 2013

Doce ler

Sonhamos acordadas em devorar nuvens...
Só por conta da tola imaginação.

Mente de criança é muito louca,
acredita em batatinhas espalhadas pelo chão,
acredita em bicho papão no guarda-roupa,
acredita em tudo o que a gente conta...

Sonhamos em caminhar nas nuvens, descalças,
sentindo a fofura do algodão.
Sonhamos em descansar sentadas lá no céu,
aproveitando a doçura da nuvem de imaginação.

Crescemos sonhando em devorar nuvens,
alcançar as estrelas, comer um teco do queijo lá do céu!

Crescemos apenas em tamanho,
a mente, tola como de criança,
ainda está passeando pelo céu,
entre as nuvens e as linhas desse papel.

(Sarah Magalhães)

Deixo aqui em itálico, meu muito obrigada, Lele, pela inspiração <3


Fotografia: Evandro Júnior

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Instantes da vida

Eu caminhei uns dez minutos
entre praças ensolaradas.
Sentei num banco sob a árvore
para descansar a alma.

O céu ainda era azul
e a minha blusa cor-de-rosa.

Meu pensamento voava distante...

Em um instante
um pássaro
em mim
descartou
sua bosta.

O céu ainda era azul
e minha blusa não mais cor-de-rosa.

(Sarah Magalhães)